Skip to main content

Integração lavoura-pecuária-floresta será incentivada por financiamento britânico (Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)

 

Cerca de três mil pequenas e médias propriedades agrícolas do Cerrado brasileiro poderão contar com apoio técnico e financeiro para viabilizar manejo de cerca de 300 mil hectares de suas áreas pelo sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Financiado pelo governo britânico, por meio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o projeto contará com US$ 23 milhões em financiamento, a maior parte para capacitação de assistentes técnicos e produtores, além da extensão rural especializada na tecnologia.

“A pauta ambiental e climática é central para o Reino Unido é algo que está presente nas nossas cooperações com outros países, inclusive com o Brasil”  explica a Gerente Sênior do Financiamento para o Clima (ICF) da Embaixada do Reino Unido no Brasil, Ana Gutierrez, ao destacar o peso brasileiro na balança comercial britânica.

Ela lembrou que só no ano passado a receita das exportações brasileiras para o país somou cerca de US$ 880 milhões, o que representou 24% das importações agrícolas britânicas. “A questão de clima e meio ambiente é prioritária para nós e, com o Brasil, o que a gente espera é contribuir para descarbonizar a produção agropecuária até 2050”, revela a funcionária do governo britânico.

De acordo com Tadeu Assad, diretor presidente do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS) – instituição responsável por operacionalizar o projeto no país – o programa pode ser considerado uma “transição” do sistema produtivo na região. “A gente considera o projeto como uma transição. Uma transição importante e que no médio prazo pode estar revolucionando uma área importante da produção agrícola do Brasil”, conta.

saiba mais

Governo de SP e Serviço Florestal Brasileiro assinam acordo para acelerar regularização ambiental

Regulamentação e sustentabilidade desafiam cadeia da carne no Brasil

 

As três mil propriedades que receberão apoio para adotar a tecnologia serão selecionadas por 26 organizações de produtores, que terão uma unidade demonstrativa cada uma. A ideia é que, a partir do exemplo de uma fazenda bem-sucedida na integração, outros agricultores se inspirem a adotar a tecnologia.

“Nada melhor do que um produtor que faz bem-feito para que outro produtor acredite e possa seguir o exemplo. Isso é algo muito importante e que está sendo repetido em outros projetos de desenvolvimento rural para falar a língua do produtor”, explica Assad.

Segundo ele, o foco são pequenos e médios produtores e a seleção levará em conta, entre outros critérios, a condição fundiária das propriedades, como protocolo do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e documentação de posse em dia.

“Esses critérios vão estar estabelecidos de acordo com a região e aptidão para a adoção da tecnologia”, completa o diretor-presidente do IABS. Além da ILPF, o programa também prevê apoio para adoção de sistemas agroflorestais (SAF) e recuperação de pastagens degradadas. “Ninguém está querendo ensinar o produtor a produzir, mas dar novas alternativas para ele ser mais rentável e sustentável”, observa Assad.

saiba mais

Brasil tem água para irrigar apenas 22% da sua área agropecuária atual

Estudantes criam kit que ensina como montar uma horta produtiva em casa

 

O governo brasileiro considera estratégica a promoção da ILPF no Cerrado para atender às metas de redução de emissão de gases de efeito estufa firmadas junto à comunidade internacional. “O que está por trás disso tudo, de fato, é a melhoria da performance, a melhoria de renda e a dinamização daquele sistema econômico. A adequação ambiental é igualmente importante, mas ela é um cobenefício dessa ação”, afirma o secretário-adjunto de inovação, desenvolvimento rural e irrigação do Ministério da Agricultura, Pedro Neto. O órgão é beneficiário institucional do apoio britânico e foi responsável por selecionar a entidade executora do projeto.

“Estamos falando de um importantíssimo bioma brasileiro onde as atividades se desenvolvem com robustez e potência econômica. O projeto vem exatamente nesse contexto: de levar ao produtor rural essas tecnologias não só de produção, mas também de gerenciamento da propriedade rural, de uso racional dos recursos naturais – em especial água e solo – e do bom aproveitamento das questões de crédito relativas a formas de financiamento dessas tecnologias sustentáveis de produção”, resume Neto.

Para participar do projeto, as organizações produtivas deverão se inscrever até o próximo dia 15 pelo site do Projeto Rural Sustentável Cerrado (PRS-Cerrado). Também estão abertas inscrições para qualificação de assistências técnicas e de extensão rural e para o programa de apoio a projetos de pesquisa e desenvolvimento oferecidos pelo mesmo edital.
Source: Rural

Leave a Reply