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(Foto: JM Alvarenga/Divulgação)

 

 

O preço do leite ao produtor recuou no segundo mês consecutivo e acumulou queda real de 6,7% no primeiro bimestre deste ano, segundo pesquisas Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). O leite captado pelos laticínios em janeiro e pago aos produtores em fevereiro recuou 2,2% na “Média Brasil” líquida do Cepea, para R$ 1,9889/litro.

As pesquisadoras Natália Grigol e Juliana Santos, do Cepea, observam que é a primeira vez nos últimos seis meses que o preço do litro do leite recebido pelo produtor fica abaixo do patamar de R$ 2,00l. “Ainda assim, o valor é 34,5% maior que o registrado no mesmo período do ano passado, em termos reais, e representa um novo recorde de preço para o mês de fevereiro (descontando a inflação pelo IPCA de jan/21).”

Elas explicam que a desvalorização do leite no campo se deve ao enfraquecimento da demanda por lácteos, “’dado o contexto de diminuição do poder de compra do brasileiro, do fim do auxílio emergencial para muitas famílias, do recente agravamento dos casos de covid-19 e da elevação do desemprego”.

Os colaboradores consultados pelo Cepea relataram que, diante da instabilidade do consumo, houve um esforço das indústrias em ajustar a produção para manter os estoques controlados, de modo a evitar quedas mais bruscas de preços, tanto para os derivados quanto para o produtor.

No entanto, dizem elas, o nível de estoques vem crescendo, e, desde dezembro de 2020, observa-se a intensificação da pressão exercida pelos canais de distribuição junto às indústrias para obter preços mais baixos nas negociações de derivados.

A pesquisa constatou que o desempenho ruim das vendas em janeiro influenciou negativamente o pagamento ao produtor pelo leite captado naquele mês. Na média de janeiro, os preços do leite UHT e do queijo muçarela negociados no atacado do estado de São Paulo caíram 6,8% e 8,9%, respectivamente, frente ao mês anterior, enquanto os do leite em pó se mantiveram praticamente estáveis. As cotações de leite spot em Minas Gerais também recuaram, 12,3% na média de janeiro.

 

 

O levantamento mostra que durante fevereiro os derivados continuaram se desvalorizando, “o que reforça a tendência de baixa para o produtor no mês que vem”. Até o dia 25, houve queda de 5,4% nos preços do UHT, 8,1% para a muçarela e de 7,2% nos valores do leite em pó em São Paulo. No caso da média mensal do spot, em Minas Gerais, o recuo foi de 0,7% frente a janeiro.

A pesquisa do Cepea apontou que, em janeiro, a captação das indústrias caiu 4,5% frente ao mês anterior, segundo o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L), puxada pela redução média de 6,5% no volume adquirido nos estados do Sul do País. A expectativa de agentes do setor é de que, nos próximos meses, a oferta se reduza ainda mais em decorrência do início da entressafra.

As analistas preveem que produção de leite deve ter impacto negativo diante das menores quantidade e qualidade das silagens neste início de ano, em decorrência de condições climáticas adversas no último trimestre de 2020. Além disso, “a valorização considerável e contínua dos grãos tem comprometido a margem do produtor, prejudicando o manejo alimentar dos animais e a produção”.

Conforme os cálculos do Cepea, em janeiro deste ano o pecuarista precisou de, em média, 41,2 litros de leite para a aquisição de uma saca de 60 kg de milho, volume 16,3% a mais que em dezembro/20. “Com isso, é importante pontuar que, mesmo diante de preços do leite em patamares considerados altos para o período do ano, a margem do produtor tem caído – o que desestimula o investimento na atividade e pode refletir em dificuldade na retomada da produção no segundo semestre.”
Source: Rural

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