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Pera buda feita com o molde da Fruit Mold Company (Foto: Divulgação/Fruit Mold)

 

“As pêras engordam como pequenos budas”, escreveu Silvia Plath no poema O Jardim da Casa de Campo. Mal sabia ela que anos depois a metáfora ganharia vida e as pêras engordariam não só como budas, mas até como caveiras e praticamente qualquer forma que se queira dar.

O segredo para isso está no molde de plástico feito pela Fruit Mold Company, um grupo de manufatura que também vende o modelo para melancias em formato de coração, pepinos em forma de estrela, maçãs com rosto de gnomo e pêssegos sensuais em forma de traseiro humano.

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A empresa chinesa, criada em 2012 por Steven Ding, tem como foco principal a criação e o design desses moldes. Segundo ele, a ideia surgiu depois de ver as melancias quadradas feitas pelos japoneses. “Pensei que se era possível deixá-las com esse formato, então também seria possível com qualquer outro visual”, conta.

Para isso, os modelos de Steven são de plástico transparente, tem travas que mantém o alimento firme na posição desejada e precisam ser colocados nas frutas ou legumes enquanto estes ainda estão pequenos, para que possam se desenvolver ali dentro. Os preços variam, mas um pacote com cinco moldes de pêras em formato de buda, por exemplo, custa US$ 29,99 (cerca de R$ 163).

“Nós produzimos modelos que diferenciam e inovam o alimento, o que acaba o tornando atrativo. Todos os anos lançamos algum molde novo. O último foi o do rosto do (ex-presidente dos EUA, Donald) Trump para abóboras”, diz Steven.

Abóbora com rosto de Donald Trump para o Halloween (Foto: Divulgação/Fruit Mold)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mas ele também entende que esses produtos tem um nicho muito específico, pois grande parte do seu material inclusive é voltado para o Dia das Bruxas, comemorado nos Estados Unidos no dia 31 de outubro.

Além da abóbora com a cara do Trump, Steven também trabalha com o molde do legume em formato de caveira ou Frankenstein. “Nós amamos produzir esse material e conhecer as pessoas que têm os mesmos interesses e paixões que a gente”, finaliza.

Esse tipo de manipulação em frutas e legumes acontece desde que a aparência dos alimentos começou a ganhar mais importância. Chineses, romanos e vitorianos por exemplo já se preocupavam com o formato do pepino, que em determinadas condições se enrola por completo e perde a característica cilíndrica. Mas nada se compara com o que vem sendo feito por empresas como a Fruit Mold Company.

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No âmbito da saúde alimentar, a nutricionista e professora da Unifesp, Elke Stedefeldt, diz que os estudos sobre o tema ainda são escassos, mas que a priori a mudança é apenas física e não transforma a qualidade nutritiva do fruto.

Por outro lado, isso descaracteriza o alimento. “Associar a imagem da pêra com a de um buda, por exemplo, parece um incentivo para a criança, mas ela não reconhece a fruta como ela é e não significa que futuramente irá comer mais”, explica.

Melancia em formato de coração (Foto: Divulgação/Fruit Mold)

Para a nutricionista, isso precisa ser trabalhado na educação alimentar, assim como o debate sobre a beleza das frutas e vegetais. “As imperfeições dos alimentos que não se enquadram na estética comercializada não diminuem a qualidade nutritiva do produto”, afirma ela, que também questiona a sustentabilidade de todo o processo.

“Você tem o molde de plástico, que não fica claro se é reutilizado ou reciclado, e depois tem a embalagem do produto final. Então, você coloca dentro dessa cadeia outros materiais plásticos que são bem menos presentes na comercialização de frutas e legumes como conhecemos”, ressalta.

Assim, a saída para uma melhor alimentação, diz ela, continua sendo a boa e velha educação nutritiva. “A criança precisa aprender de onde vem os alimentos, entender os seus benefícios e prová-los preparados de diferentes maneiras, para que só depois disso ela possa realmente decidir o que gosta e o que não lhe agrada”, explica Elke.

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Source: Rural

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