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Diesel verde da Petrobras preocupa indústria de óleo de soja por conta de uma eventual queda na demanda por biodiesel (Foto: Flickr)

 

As iniciativas da Petrobras para reduzir as emissões de carbono de seus combustíveis recebeu duras críticas nesta segunda-feira (14/12) de representantes da indústria de óleos vegetais. Eles temem que o novo produto da petrolífera, que vem sendo chamado de "diesel verde", reduza a demanda por biodiesel levando à quebra de usinas processadoras do óleo de soja.

“Cabe a nós deixar claro que há uma estratégia da Petrobrás de viabilizar um processo entrando no mandato do biodiesel – e ela está fazendo todo o trabalho para conseguir a autorização do governo”, destaca o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar.

Ele classificou como “oportunismo” a estratégia da estatal, que se prepara para lançar o diesel com 5% de óleos vegetais a partir da aprovação, pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), da inclusão desse percentual no mandato de biocombustível do país. Na prática, a aprovação reduziria a necessidade de adição de biocombustíveis sobre o diesel, atualmente de 12% e com previsão de chegar a até 15% em 2023.

“Na nossa visão, a Petrobras está querendo uma espécie de favor, quase um subsídio, pra entrar no mandato de biodiesel e viabilizar um processo que só ela vai fazer”, critica Nassar.

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Em junho deste ano, a diretora de Refino e Gás Natural da Petrobras, Anelise Lara, reconheceu em evento online sobre o futuro do combustível que a implementação do Diesel RX depende da sua inclusão nas políticas de mandato de biocombustíveis do país. “A viabilidade econômica do diesel renovável dependente de seu reconhecimento no cumprimento da regra de adição de biocombustíveis ao diesel, assunto que atualmente está em discussão na ANP. Isso permitirá aumento da competitividade dos biocombustíveis para o ciclo diesel”, explicou Anelise.

“Evidente que se a Petrobrás entende que utilizar produtos do processamento do diesel para gerar um diesel com um pouco de óleo vegetal, isso é bom. Maravilha! Não somos contra a isso. Mas isso não deve ser suportado por um mandato”, afirma o presidente da Abiove ao alertar para o risco de quebra de parte das usinas presentes atualmente no mercado e redução do processamento de soja no país.

“A estrutura para produção e biodiesel está montada. O óleo é para ser direcionado para produzir biodiesel. Se o mercado de biodiesel estiver ameaçado, qual vai ser o interesse da processadora de soja em vender o óleo para a Petrobras? Não sei”, questiona Nassar.

Com boa parte da indústria integrada à produção de soja, ele ressalta que a venda do óleo como qualquer outro produto, sem o beneficiamento como biodiesel, deverá mudar por completo a estratégia dessas empresas. “O que a Petrobrás deveria estar fazendo é estar do nosso lado brigando por um B20 e reconhecer que já existe capacidade de produção de biodiesel e que tem que ser protegida. Porque ela foi criada por conta de uma política. Então há um interesse de curto prazo muito forte da Petrobras”, conclui o presidente da Abiove.

Procurada por Globo Rural, a Petrobras não se manifestou até a conclusão desta reportagem.
Source: Rural

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