Conab avalia que safra de cana teve maior produtividade e melhos qualidade de matéria-prima (Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima uma produção de 665,105 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2020/2021, um crescimento de 3,5% em relação à safra passa e próximo do recorde registrado no ciclo 2015/2016 (665,6 milhões). Os números estão no 3º Levantamento da Safra de cana, divulgado nesta terça-feira (15/12).
De acordo com a Conab, o Sudeste, maior produtor nacional, terá o maior crescimento de produção, de 5,2%, chegando a 434 milhões de toneladas de cana. O Centro-Oeste deve produzir 0,5% a menos (139,8 milhões de toneladas). No Sul, a produção deve cair 2,7% (34,5 milhões de toneladas).
“Já o Nordeste, favorecido pelo clima, deve aumentar em 3,6% a oferta de cana, que chegaria a 50,9 milhões de toneladas. O Norte, responsável por menos de 1% da produção nacional, deve ter aumento de 2,2%, com sua produção subindo para 3,6 milhões de toneladas”, diz a Conab, em comunicado.
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Em que pese as diferenças de clima entre as regiões produtoras, os técnicos relacionam o aumento de produção com o ganho de área e de produtividade. A Companhia estima na safra 2020/2021 8,605 milhões de hectares de canaviais, 1,9% a mais que na temporada passada. Estima também um rendimento médio de 77,293 toneladas por hectare, aumento de 1,5% em comparação com o registrado no ciclo 2019/2020.
“As condições climáticas têm oscilado durante o ciclo, mas, de modo geral, são consideradas favoráveis na maioria das regiões produtoras, especialmente no início do período de desenvolvimento, que apresentou bons índices de precipitações. Além disso, os investimentos em tecnificação e as melhorias de manejo também colaboram para maior alcance dos potenciais produtivos da cultura”, diz o relatório.
A qualidade da cana também melhorou, segundo os técnicos, com o nível médio de Açúcar Total Recuperável (ATR), aumentando 2,6%, de 139,2 quilos para 142,9 quilos por tonelada de cana.
Açúcar e etanol
A Conab estima uma produção de 41,844 milhões de toneladas de açúcar na safra 2020/2021, aumento de 40,4% em comparação com a temporada passada, quando a estimativa foi de 29,795 milhões. O relatório pontua que um dos fatores que estimularam a produção da commodity foram os preços no mercado internacional, com problemas climáticos na Tailândia, segundo maior exportador mundial, e expectativa de boa demanda da Ásia.
Além disso, o açúcar acabou sendo a opção para usinas reduzirem os efeitos da pandemia do coronavírus sobre seus negócios. Com as medidas de distanciamento e isolamento social, e determinações de quarentena em função do avanço da Covid-19, a demanda por combustíveis diminuiu, atingindo os preços e os volumes comercializados de etanol no mercado nacional.
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Com o mercado bastante afetado pela pandemia, a produção de etanol deve totalizar 32,9 bilhões de litros na safra 2020/2021 (29,830 bilhões de litros de etanol de cana e 3,021 bilhões de litros de etanol de milho), uma redução de 7,9% em comparação coma safra passada, estimada em 35,7 bilhões de litros. Do total previsto, 10,485 bilhões serão de etanol anidro, que é misturado à gasolina, e outros 22,366 bilhões de etanol hidratado, que abastece diretamente os veículos.
“O segmento foi impactado pela forte redução nos preços internacionais do petróleo, que prejudicaram conjuntamente a gasolina e o etanol”, pontua a Conab. “Observa-se nesta temporada uma forte inversão com a redução na demanda por combustíveis, contrapondo às favoráveis condições de mercado para o açúcar em razão do apertado quadro de suprimento mundial”, acrescenta o relatório.
Source: Rural