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Cadeia produtiva da soja está sendo pressionada por empresas norueguesas por conta da situação do desmatamento no Brasil (Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)

 

A Bremnes Seashore, uma das maiores produtoras de salmão da Noruega, anunciou que, a partir de janeiro de 2021, não vai mais comprar a soja brasileira. O motivo é o mesmo alegado pela também gigante norueguesa de salmão Grieg Seafood que suspendeu em junho deste ano a compra de soja brasileira da Cargill: preocupação com o desmatamento no Brasil, que representa um risco para as empresas atingirem suas metas de sustentabilidade.

“O Bremnes Seashore pretende ser uma força motriz no desenvolvimento sustentável da indústria da aquicultura. A ração à base de soja é um importante insumo para a produção de salmão, e o uso de soja representa um risco maior de sustentabilidade devido ao desmatamento causado pela soja no Brasil”, disse Simon Nesse Økland, chefe de desenvolvimento da empresa. Segundo ele, os números crescentes do desmatamento e a falta de medidas para impedir o desmatamento tornam impossível para a empresa continuar a usar a soja do Brasil, que será substituída pelo grão europeu. 

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A decisão da Bremnes foi divulgada e aplaudida pela Rainforest Foundation Norway, uma organização com filiais em vários países que atua na área de proteção de floresta tropical há mais de 25 anos. A entidade defende que a indústria de salmão deve exigir que seus fornecedores sejam totalmente livres de desmatamento. Em seu comunicado, a entidade afirma que documentou em agosto incêndios florestais generalizados e comunidades locais vivendo sob contínuas ameaças de produtores de soja no Brasil.

“O veto da Bremnes Seashore à soja brasileira envia uma mensagem clara aos comerciantes de soja de que o desmatamento em curso no Brasil e o atual modelo de negócios dos comerciantes é irresponsável e não é aceito por empresas que buscam operar de forma sustentável. A menos que líderes da indústria como Cargill e Bunge estabeleçam instrumentos para proteger os restos de florestas nativas do Brasil da expansão da soja, é provável que mais empresas se afastem da soja brasileira devido ao risco de desmatamento”, disse Ida Breckan Claudi, consultora sênior da Rainforest Foundation Noruega.

A Bremnes Seashore exporta salmão para o Reino Unido, Alemanha, França, Japão, Coreia do Sul, China, Estados Unidos.

Pressão

A suspensão de compra de soja brasileira pela Grieg Seafood, em junho, visou pressionar a matriz da multinacional Cargill a reduzir o desmatamento no Brasil. A empresa norueguesa tomou a decisão antes de emitir 92,3 milhões de euros (R$ 567,6 milhões) em títulos verdes, os chamados green bonds, para reduzir sua pegada de carbono. A ração que alimenta os salmões da Grieg é composta por 23% de soja.

Em nota enviada à Globo Rural, a Cargill afirmou que seu negócio de nutrição aquática fornece soja com certificação 100% sustentável e que a empresa tem o compromisso de transformar suas cadeias de suprimentos para evitar o desmatamento e, ao mesmo tempo, proteger a vegetação nativa e as florestas. “Sabemos que há trabalho a ser feito, e estamos acelerando nossos esforços nesta área, inclusive com foco em soluções inovadoras que são economicamente viáveis para os agricultores”, diz a nota.

Desmatamento

Segundo dados preliminares do sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a taxa de desmatamento na Amazônia neste ano aumentou 9,5% em relação ao ano passado, chegando a 11.088 quilômetros quadrados, o maior valor desde 2008.

O resultado aponta que o Brasil descumpriu a meta da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), lei nacional que preconizava redução a um máximo de 3.925 quilômetros quadrados em 2020.
Source: Rural

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