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Bebida vegetal à base de soja é uma das alternativas já oferecidas no mercado brasileiro (Foto: Pixabay)

 

O uso de termos como leite, queijo e outros derivados está no centro de uma disputa que vai muito além da nomenclatura entre a indústria de lacticínios e o ascendente setor de alternativas vegetais ou plant-based.

Embora não sejam propriamente uma novidade, as bebidas à base soja, amêndoas e outros grãos têm despertado a atenção de produtores de derivados de origem animal, que defendem uma lei específica aos novos produtos e tão rígida quanto a imposta ao setor de lácteos no país.

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“Queremos é que os substitutos passem pela regulamentação que os lácteos passam e que, nos seus rótulos, esteja bem claro o que é aquele produto de forma mais assertiva, transparente e clara ao consumidor”, defende Marcelo Costa Martins, diretor da Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos). 

Segundo pesquisa inédita lançada nesta semana sobre consumo no país, coordenada pelo The Good Food Institute (GFI) junto ao Ibope, 74% dos brasileiros consomem leite de vaca ao menos uma vez por semana. No caso dos laticínios, são 85%. Ao mesmo tempo, 59% declararam já ter incluído alternativas vegetais na dieta nos últimos 12 meses.

 
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O estudo ainda mostra que ter vitaminas, cálcio e zinco (40%), menos gordura (40%) e quantidade de proteína (27%) foram aspectos nutricionais mais apontados como características consideradas importantes na compra de produtos de base vegetal alternativos aos laticínios.

 
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Martins ressalta que a legislação atual define parâmetros mínimos de teor de gordura, coloração, sódio, entre outros aspectos nutricionais que caracterizam cada produto. “Quando produzo um queijo muçarela, por exemplo, tenho que seguir um conjunto de normas garantindo que, se o cliente consumir o produto da empresa A, B ou C, terá o mesmo produto. Mas como terei outros produtos concorrentes que não têm um padrão e uma definição clara?”, questiona.

Ele também questiona os aspectos nutricionais das alternativas vegetais. “Se o sujeito faz uma bebida à base de amêndoas, ótimo. Mas por que o leite de amêndoas da empresa A tem uma característica e o da empresa B tem outra característica? Será que não é certo padronizar?”, ressalta o dirigente.

Cercear o direito do consumidor de comprar um produto é algo que não está em discussão, só que tem que ser dado a ele todas as informações para que ele saiba o que ele está comprando

Marcelo Costa Martins, diretor da Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos)

 

 

 

 

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No lado das empresas que produzem bebidas vegetais, o discurso de "contra-ataque" se baseia na carga tributária e na nomenclatura reconhecida pelo consuimdor.

"No mundo do leite, a bebida vegetal paga 4,7 vezes mais impostos do que o de origem animal. Além disso, se o consumidor chama de leite, é leite. O Brasil precisa evoluir e simplificar", diz Luiz Augusto Silva, head de global business development da NotCo, empresa chilena que atua no Brasil.

Diretor executivo e um dos fundadores da Vida Veg, com sede em Minas Gerais, Anderson Rodrigues concorda. "Existem três motivos que estamos buscando sanar. O primeiro é o custo de matéria-prima, que é oito vezes mais caro devido à importação. Além disso, a escala é muito menor no momento. O outro grande fator é o imposto. A indústria de leite tem subsídio do governo, enquanto o leite vegetal é tributado em tudo e isso impacta no custo", pondera.

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Orgânico e sustentável

Outro argumento das alternativas vegetais ao leite e aos laticínios é a sustentabilidade. "Para fazer um litro de leite vegetal, gastamos de 80% a 95% menos água, é necessário menos terra e há menos gás de efeito estufa na atmosfera", destaca Rodrigues, da Vida Veg.

Ele também ressalta que, hoje, o vegetal responde por apenas 1,8% do mercado de leite no Brasil, enquanto nos Estados Unidos ja chega a 17%. "Há um potencial de crescimento enorme. Então, à medida que consumidor vai dando volume, o mercado enxerga a demanda, reduz a margem, e conseguiremos avançar em outros incentivos", projeta Rodrigues.

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Darlan Palharini, secretário executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat), lembra que, assim como as carnes, as indústrias de lácteos também investem em produtos plant-based e que a estratégia, na área de proteína animal, tem sido trabalhar inovações que atendam e fidelizem àqueles que continuam consumindo leite. 

“O que a gente tem trabalhado nisso é a inovação. Vai ter aquele consumidor que não vai mais querer produto de origem animal, vai preferir o vegetal. Então, temos que trabalhar a estratégia de manter aqueles que querem continuar com produtos lácteo”, destaca Palharini.

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Nesse processo, estão incluídos investimentos em leite orgânico e em derivados com inclusão de fibras, nutrientes e até mesmo intervenções no sabor da bebida. Para colocar essas inovações na prateleira, contudo, a indústria de laticínios precisa passar por aprovações de rotulagem que, se deferidas, ajudarão o setor a atender a esse novo perfil de consumidor. 

“Ainda não temos a possibilidade de usar o termo ‘leite com fibras’, por exemplo. Mas se a gente conseguir aprovar isso, vai ser regulamentado, com identificação nas embalagens”, observa Martins, diretor da Viva Lácteos.

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Para Palharini, essa estratégia também precisa incluir o resgate dos valores presentes na cadeia leiteira do país, destacando a presença da agricultura familiar e das práticas de bem estar animal. “Não é só a indústria que tem que trabalhar, mas o setor como um todo precisa fazer sua auto defesa”, alerta o secretário executivo do Sindilat.
Source: Rural

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