Skip to main content

Fiscais da Defesa Sanitária sobrevoaram locais onde hoiuve relatos de ocorrência de gafanhotos no Rio Grande do Sul (Foto: Gov. do RS)

 

Os gafanhotos que desde o final de semana atacam a mata nativa e algumas lavouras da região noroeste do Rio Grande do Sul estão se movimentando de forma lenta, se alimentando em locais concentrados, sem se espalhar. Essa foi a conclusão de fiscais da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Estado, que fizeram um vôo exploratório na manhã desta sexta (4/12) sobre a reserva indígena de Inhacorá e algumas regiões onde foram relatados focos de gafanhotos visando ver o tamanho e a amplitude das infestações.

“Identificamos dois focos principais, em São Valério do Sul e Santo Augusto. O que a gente tenta entender é o motivo do aumento populacional desequilibrado desses gafanhotos”, diz André Ebone, agrônomo e fiscal estadual agropecuário da regional de Ijuí, que estava na aeronave. Segundo ele, o passo seguinte é fazer um georreferenciamento por drone para mapear as infestações e decidir se será necessário fazer algum tipo de controle por químicos ou outros produtos.

Estão sendo vistoriados por terra cerca de 30 quilômetros, que incluem 20 municípios. Por enquanto, foram relatados focos em seis:  Santo Augusto, São Valério do Sul, Chiapeta, Coronel Bicaco, Campo Novo e Bom Progresso. Nas vistorias pelo chão, em quase 2 mil hectares de áreas agrícolas, os técnicos e fiscais identificaram que 76% delas tinham gafanhotos. Já em 2.700 hectares de mata nativa, a incidência dos gafanhotos era de 100%.

Os insetos desfolham principalmente uma árvore nativa conhecida como timbó, que tem folhas bem amargas. Mas há casos de ataques também a algumas lavouras de soja e milho, ainda sem grandes danos, e a pomares não comerciais de citros localizados em áreas próximas à mata nativa. “Na reserva, de onde teriam saído os gafanhotos, deu pra ver a mata bem desfolhada”, diz André.

saiba mais

Defesa Sanitária sobrevoa áreas para mapear ataque de gafanhotos no noroeste do RS

Focos de gafanhotos aumentam e já atingem seis cidades no noroeste do RS

 

O fiscal acrescentou que ele e seus colegas, divididos em três equipes, têm orientado os produtores a não se precipitar aplicando algum produto para eliminar os insetos. “Como não existe nenhum produto registrado para o controle dos gafanhotos, essa ação seria ilegal. Além disso, pode causar um dano ainda maior.”

Vladimir Antonio Vetoratto, prefeito de São Valério do Sul e produtor rural, conta que avistou gafanhotos na sua propriedade e teve medo de perder as lavouras de soja e milho. “Tenho 61 anos e nunca vi uma infestação como essa. Me assustou muito. Falaram até em apocalipse, em castigo bíblico. Felizmente, os técnicos me tranquilizaram. Por enquanto, não tive prejuízos, mas estou alerta porque não sabemos como lidar com essa praga.”

Os fiscais fizeram nova vistoria terrestre na tarde de quinta-feira para medir os impactos da chuva forte do dia anterior e também observaram uma redução na mobilidade dos insetos, mas não concluíram se foi efeito da chuva.

A análise de amostras dos insetos enviadas ao Laboratório de Manejo Integrado de Pragas da Universidade Federal de Santa Maria (RS) identificou que as espécies não são do tipo migratório nem formam nuvens como os gafanhotos que dizimaram plantações na Argentina. Segundo Ricardo Felicetti, chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal, o aparecimento em grande número dos gafanhotos pode ser resultado de algum desequilíbrio causado pelas temperaturas elevadas e a estiagem de duas safras seguidas.
Source: Rural

Leave a Reply