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A pimenta-de-macaco possui ação inseticida e pode controlar diferentes pragas agrícolas (Foto: Murilo Fazolin/Embrapa)

 

Pesquisas feitas pela Embrapa Acre apontaram que o óleo essencial de pimenta-de-macaco (Piper aduncumL.), planta abundante em estados da Amazônia, tem u ma ação inseticida que pode controlar diferentes pragas agrícolas.

Extraído de folhas e talos secos, por processo de destilação por arraste de vapor, o óleo essencial de pimenta-de-macaco é rico em dilapiol, substância aplicada principalmente nos segmentos agroquímico e farmacêutico.

Os estudos conduzidos com a planta visam possibilitar o uso comercial do dilapiol como inseticida botânico e como sinérgico de inseticidas convencionais para aumentar a eficácia desses produtos no controle de pragas, reduzir a aplicação de químicos na produção agrícola e minimizar os impactos à saúde e ao meio ambiente.

 

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Resultados promissores

Em cultivos de abacaxi, foi constatada uma redução de 87% dos ataques da broca-dos-frutos e de 70% da presença do percevejo com uso do óleo essencial, resultados que confirmam a eficiência do produto como inseticida natural.

O inseticida botânico também se mostrou eficiente no controle da lagarta-do-cartucho do milho (Spodoptera frugiperda) e do psilídio-dos-citros (Diaphorina citri), inseto transmissor da bactéria Candidatus Liberibacter spp., agente causador do Greening, principal doença da citricultura.

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Testes com o produto com concentração de 85% de dilapiol, em laboratório e casa de vegetação, revelaram índice de mortalidade de 98% da lagarta-do-cartucho do milho. Já a letalidade do psilídio na fase de ninfa ficou entre 90% e 100%, e do inseto adulto chegou a 99%.

Com isso, a pesquisa mostrou que a eficácia depende da concentração utilizada, como afirma Murilo Fazolin, pesquisador responsável pelos estudos. Segundo ele, a determinação e o controle do grau de pureza do óleo são fundamentais para garantir eficiência ao produto.

Por ser uma substância natural, que se degrada facilmente no ambiente, o dilapiol pode ser usado em concentrações adequadas no controle de pragas sem oferecer riscos à saúde humana nsem causar danos ao solo e cursos d´água.

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Outra vantagem competitiva do produto é a preservação de inimigos naturais. "Tais aspectos são fundamentais para viabilizar a oferta de inseticidas de baixo impacto ambiental, capazes de contribuir para a sustentabilidade das cadeias produtivas de alimentos”, destaca Fazolin.

Em função do baixo impacto, o óleo essencial de pimenta-de-macaco desenvolvido pela Embrapa pode ser utilizado como inseticida natural tanto na agricultura tradicional como na produção orgânica, atividade em franca expansão em algumas regiões do país.

Como funciona

Os insetos estão expostos substâncias tóxicas das mais diversas fontes, incluindo o próprio alimento que consomem. Entretanto, eles têm a capacidade de produzir enzimas que ajudam a eliminar esses compostos tóxicos do seu organismo por meio da urina e das fezes.

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Assim, o dilapiol interfere no seu metabolismo e inibe o funcionamento dessas enzimas desintoxicantes, bloqueando o sistema de autodefesa. Como consequência, as toxinas se acumulam e causam a morte do inseto por intoxicação.

Fazolin diz que, adicionado a inseticidas convencionais, o óleo essencial de pimenta-de-macaco potencializa a ação desses produtos. Mesmo em doses menores, os defensivos comerciais apresentaram excelente desempenho pelo efeito sinérgico do dilapiol.

"Isso confirma que o óleo rico em dilapiol, quando combinado a inseticidas químicos, pode resultar em uma série de formulações comerciais específicas, tornando-se uma ferramenta com alta eficiência no manejo da resitência de pragas”, afirma.

Óleo essencial e bioeconomia

 

Controle do grau de pureza do óleo é fundamental para garantir eficiência ao produto e a obtenção de resultados efetivos (Foto: Embrapa/Priscila Viudes)

 

A pimenta-de-macaco pode fazer parte de um cenário de aproveitamento sustentável dos recursos da biodiversidade da região amazônica, servindo como bioinsumo para a elaboração de novas soluções tecnológicas para melhoria dos sistemas de produção.

“No contexto de inovação preconizado pelo Programa Nacional de Bioinsumos, lançado recentemente pelo Ministério da Agricultura, a espécie pode contribuir para geração de trabalho e renda em comunidades locais, redução da dependência dos produtores rurais em relação a insumos importados e ampliação da oferta de matéria-prima para o setor agropecuário”, argumenta o pesquisador da Embrapa.

Parcerias para chegar ao mercado

O óleo essencial com concentração de 80% de dilapiol encontra-se em processo de estabelecimento de especificação de referência com o objetivo de concessão de registro de regularidade de uso por Ministério da Agricultura, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). 

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A oficialização do pedido de registro habilita a tecnologia para a etapa de formalização de parcerias empresariais, com foco no uso do produto no desenvolvimento de inseticidas bioativos e como sinérgico de inseticidas biodegradáveis à base de dilapiol.
Source: Rural

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