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Projeto Hildegarda de plantio de lúpulo em Lages, Santa Catarina, fomentado pela Ambev (Foto: Ambev/Divulgação)

 

Aos poucos, o plantio de lúpulo começa a ganhar escala no Brasil. Projetos regionais fomentados por indústrias já conhecidas estão sendo implementados e, por consequência, dando maior visibilidade à matéria-prima da cerveja.

Enquanto a Ambev incentiva o plantio da cultura para agricultores familiares de Santa Catarina, o Grupo Petrópolis – conhecido pelas marcas Itaipava e Crystal – investe no cultivo próprio no Rio de Janeiro.

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Em Lages (SC), um viveiro com capacidade de produção de 60 mil mudas de lúpulo por ano já está pronto e prestes a funcionar. Depois de receber matrizes certificadas das variedades Cascade e Chinoock, as plantas devem se tornar adultas em novembro e, a partir daí, é iniciado o processo de multiplicação no viveiro.

“Em janeiro, teremos as primeiras mudas em condição de serem doadas para agricultores familiares que serão selecionados em parceria com a Epagri. A ideia é disponibilizar em torno de 5 mil mudas por mês para plantio ao longo de todo o ano”, prevê Aline Trindade, gerente da Ambev no Estado.

(Foto: Teresópolis/Divulgação)

 

A estimativa é de que, nos próximos cinco anos, 500 famílias sejam beneficiadas pelo programa, chamado Projeto Hildegarda. Aline pondera que ainda é cedo para projetar volume de colheita, devido à fase inicial de desenvolvimento, mas, se depender da vontade dos agricultores, haverá lúpulo nacional de qualidade e em escala.

“Nosso projeto prevê justamente auxiliar esses agricultores, removendo as principais barreiras encontradas, seja no processamento, como separação das flores, secagem e peletização, seja na comercialização”, diz ela, ressaltando que a Ambev tem parcerias com a Epagri, Udesc e Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (Aprolúpulo).

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Já em Teresópolis (RJ), na Serra do Capim, o lúpulo está no terceiro ano, com 7.316 mudas entre as variedades Comet, Cascade Argentino e Americano, Chinoock, Triple Pearl e Polaris em aproximadamente quatro hectares. Após um projeto piloto iniciado em 2018, o resultado, em 2020, foi uma colheita de quase 6 mil quilos de cone verde, derivados de um investimento de R$ 2,5 milhões.

Produção de lúpulo no Rio de Janeiro feita pelo Grupo Teresópolis (Foto: Teresópolis/Divulgação)

 

Diego Gomes, diretor industrial do Grupo Petrópolis e à frente do Centro Cervejeiro da Serra, onde é feito o cultivo, admite que, após o processo de secagem dos cones, eram esperados cerca de 1 mil quilos de lúpulo seco. No entanto, o resultado foi menor por falta de infraestrutura no mercado brasileiro.

“Pela parte do manuseio no Brasil ter de passar por uma fase de construção, aprendizado e engenharia, e essa construção ser toda dentro de casa, a gente perdeu um pouco”, diz. Mesmo assim, 800 quilos de lúpulo deram origem a uma nova cerveja do Grupo e a primeira da Serra Fluminense, que usa entre 11 e 13 gramas da flor para produzir um litro da bebida.

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Dependência da importação

 

Enquanto países como Alemanha e Estados Unidos produzem 32,6 mil toneladas e 47,3 mil toneladas, respectivamente, o Brasil trouxe de fora 3,6 mil toneladas em 2019, segundo a Aprolúpulo. A grande importação, no entanto, tende a diminuir com a evolução dos projetos que vem surgindo e ganhando amplitude.

Esperamos, nos próximos anos, gerar um volume significativo de lúpulo nacional de qualidade, capaz de suportar a escala de produção regular de cervejas

Aline Trindade, gerente da Ambev em Santa Catarina

Em outubro, um acordo de cooperação técnica entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) foi anunciado com o objetivo de desenvolver a produção de lúpulo no Brasil.

Neste sentido, a Ambev também caminha para colocar em funcionamento a primeira planta de beneficiamento de lúpulo do país. “Como consequência de tudo isso, esperamos, nos próximos anos, gerar um volume significativo de lúpulo nacional de qualidade, capaz de suportar a escala de produção regular de cervejas”, estima Aline Trindade.

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O diretor do Grupo Petrópolis tem uma visão um pouco mais conservadora e pondera que o plantio da Serra Fluminense pode alavancar a produção nacional de lúpulo, mas ainda está longe de falar na independência da importação.

“Talvez quando pegar um ou outro estilo de cerveja ou quando regionalizar. Mas o Brasil ainda está muito distante de ter uma independência, acho que essa nem é a ideia”, diz Diego, que também é membro executivo da Câmara Setorial da Cerveja, do Mapa.

Ele ainda adiciona que, se a maior produção e, por consequência, a redução de compra externa ocorrer em médio prazo, o lúpulo se tornará um produto agrícola significativo para a geração de divisas do país. “Quanto mais a gente apostar nisso, mais nosso país ganha”, afirma.

 

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Source: Rural

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