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Pix pode facilitar operações de pagamento e recebimento de pequenos produtores, já que reduz a circulação de dinheiro e as transferências de valores são feitas em pouco tempo (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)

 

Lançado nesta semana pelo Banco Central, o chamado Pix possibilita fazer transferências 24 horas por dia, 7 dias por semana, com uma média de 2 a 10 segundos para processar a operação. Basta ter um código Pix, o que pode ser gerado por qualquer pessoa que tenha conta bancária. E pelo menos para pessoas físicas, é sem taxa, diferente do TED e DOC.

A agilidade tem feito com que instituições financeiras enxerguem benefícios ao produtor rural com a nova alternativa. De acordo com Edson Costa, diretor de meios de pagamento do Banco do Brasil, a maioria ainda está acostumado a pagamentos não digitais, como dinheiro e cheque.

“É um hábito, principalmente do pequeno produtor. E o Pix vem para facilitar transações, sem precisar se deslocar até uma agência bancária”, diz ao considerar que áreas rurais, muitas vezes, exigem maior deslocamento para uma agência ou caixa eletrônico.

 

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Na prática, Costa enxerga que pequenos produtores terão mais agilidade para vender os produtos, como em uma feira de rua, em que o consumidor poderá fazer um Pix e o dinheiro cai na conta instantaneamente. Prova do interesse na modalidade é que, em apenas três dias, o Banco do Brasil já cadastrou 10 milhões de chaves Pix.

Sob a perspectiva dos insumos, Marcos Cavagnoli, diretor de Digital Cash Management do Itaú BBA, ressalta que, com o Pix, o produtor poderá comprá-los a qualquer momento e “recebê-los nos finais de semana e feriados, se necessário”.

Além disso, ele destaca que o pagamento instantâneo poderá neutralizar o fuso horário para as regiões Centro-Oeste e Norte em relação às demais, já que o tempo de compensação da transferência não dependerá mais do horário de funcionamento dos bancos. “[O Pix] permitirá ao setor uma conciliação mais segura e maior agilidade no despacho dos produtos, em razão da sua liquidação imediata”, ele reforça.

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Conectividade

Gisele Rodrigues, superintendente de Soluções de Meios de Pagamento do Sicredi, explica que o Pix poderá ser feito de forma offline e online. Isso significa que, em caso de problemas de conectividade e acesso à internet, o produtor poderá imprimir um código QR com o valor do produto, sem necessariamente estar usando um aplicativo para que a cobrança seja feita.

“A partir de 16 de novembro, o produtor consegue criar o QR Code, imprimi-lo e a outra pessoa faz o pagamento instantâneo com a leitura do código pelo celular. Essa é uma experiência que vai beneficiar o fluxo de caixa do pequeno produtor, como a venda direta para a feira, além de ajudar no controle de caixa”, exemplifica Gisele, lembrando da data em que o sistema entra, efetivamente, em operação.

Ela afirma que o Banco Central estuda uma forma do pagamento poder ser feito também offline, já que o problema de conectividade em áreas rurais ainda é de grande escala no Brasil. “Uma das experiências que o Banco Central também está pensando é para pagar no offline e receber no online”, menciona.

 

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Apesar da conectividade ainda ser um desafio, Edson Costa conta que a pandemia da Covid-19 acelerou a prática de compras online. Em fevereiro e março, apenas 7% dos clientes de agronegócio do Banco do Brasil usavam o aplicativo da instituição. No final de maior, eram 33%. “Este número já deve ter crescido e essa alta é importante porque a pandemia fez com que as pessoas buscassem o digital, e quanto mais digitalizada for a pessoa, mais terá facilidade de usar o Pix”, analisa.

Ele acrescenta que as vendas online pagas por boleto bancário tendem a migrar para o Pix. “Como no fim de semana não há serviço de compensação, há uma tendência do Pix trazer facilidade para boletos rápidos e facilitar logística, trazer velocidade de liquidação de compromissos, como contas de águas, luz, telefone, e compras que precisam ser processadas rapidamente”, explica Costa.

Ecossistema

O diretor do Banco do Brasil admite que, como toda a modernização dos meios de pagamento, o Pix também levará um tempo para se tornar algo comum. Ainda assim, ele acredita que, à medida que empresas de grande porte aderirem ao Pix, ele chegará ao pequeno produtor. “As agroempresas vão fazer parte do ecossistema do Pix, porque você vai ter maior fluidez de recursos e maior rapidez de recebimento e pagamento, e com isso deve puxar toda a cadeia produtiva”, defende.

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Para Gisele Rodrigues, do Sicredi, a aderência ao Pix passa por um processo de educação e transformação cultural. Segundo ela, os bancos devem instruir os produtores, principalmente aqueles com menos acesso à informação, com o objetivo de que o novo modo de pagamento se torne algo compreensível e possa ser colocado em prática.

Luiz Roberto Barcelos, conselheiro da PMA Brasil – entidade que representa a indústria de Flores, Frutas, Legumes e Verduras – diz que o Pix traz facilidade ao pagamento, além de diminuir o fluxo de dinheiro em espécie. “Para os pequenos produtores, a forma de comercialização facilita, mas o que vai aumentar o acesso ao HF é dar maior renda à população brasileira”, ele reivindica.
Source: Rural

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