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(Foto: Divulgação/Daniel Ferreira)

 

 

*Publicado originalmente na edição 418 de Globo Rural (agosto/2020)

O tourinho nelore Hora 3504 é um fenômeno. Antes do primeiro aniversário, aos 9,7 meses de idade, ele já produzia sêmen. Superprecoce, é o mais jovem de todos os animais avaliados pelo programa de melhoramento genético do Grupo HoRa Höfig Ramos, que vem sendo realizado há três anos na Fazenda Nossa Senhora de Fátima, localizada em Brasilândia (MS).

José Roberto Höfig Ramos, pecuarista e proprietário da empresa, lembra que a performance do animal quase foi alcançada por outro machinho super precoce, que entrou na puberdade aos 9,9 meses de idade. Um dos objetivos do programa de melhoramento genético do grupo é justamente a precocidade sexual de seus animais nelores.

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“A diminuição do intervalo de gerações permite a redução de custos e uma maior lucratividade, pois machos e fêmeas começam a atividade reprodutiva um ano antes do que o gado tradicional”, explica José Roberto.

No curto período de tempo do trabalho, os resultados são expressivos, comemora ele, membro da terceira geração de uma família ligada à pecuária. “Há machos nelores conseguindo produzir sêmen antes dos 17 meses de idade e outros na faixa etária dos 14 meses. O comum nos criatórios brasileiros, para o nelore, é o tourinho apresentar produção próximo aos 2 anos de idade.”

Na primeira avaliação pelo Grupo HoRa, na safra 2016/2017, foram testados 128 animais, dos quais 44% apresentaram precocidade, sendo que 17% eram precoces e 27% se mostraram superprecoces. Na safra seguinte (2017/2018), foram avaliados 201 animais PO e, pela primeira vez, 258 machos CEIP (Certificado Especial de Identificação e Produção), comerciais, que não têm registro. Do grupo PO, 68% conseguiram produzir sêmen antes dos 17 meses de idade, sendo 37% precoces e 31% super precoces.

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Nos CEIP, dos 258 machos avaliados, 60% tiveram os mesmos resultados, sendo 28% precoces e 32% superprecoces. “Com a intenção de intensificar a seleção para precocidade sexual, as avaliações foram antecipadas em 30 dias, e foi por esta estratégia que conseguimos identificar o Hora 3504, o tourinho mais precoce nestes três anos de avaliação”, diz a veterinária Fernanda Battistotti Barbosa.

Mestre em ciência animal pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Fernanda Barbosa coordena as experiências realizadas pela Pro Criar com os animais do grupo sul-mato-grossense. A Pro Criar presta consultoria veterinária e tem parceria com o Grupo de Estudos e Pesquisas em Reprodução Animal (GERA) da UFMS.

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Os trabalhos de avaliação duram um período próximo de 12 meses e atualmente está sendo analisado o gado da safra 2019/2020, tanto PO como CEIP. José Roberto Höfig Ramos tem 53 anos. Ele assumiu a direção do Grupo HoRa nos anos 1990 e conta que sempre teve como foco, para o aprimoramento da qualidade do gado, o melhoramento genético.

Apesar de reconhecer e valorizar as pistas de julgamento, nas quais a beleza do animal era o quesito mais importante, o pecuarista sempre se pautou por critérios de produção e funcionalidade. Já na década de 1990, ele levou para a fazenda a inseminação artificial, tecnologia que promoveu uma reviravolta na pecuária brasileira, pela capacidade de esparramar qualidade genética no rebanho a um custo razoável para o pecuarista. É que o preço da ampola de sêmen baixou ao longo dos anos.

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O criador conta que a propriedade foi uma das dez primeiras fazendas atendidas pela ProCriar a fazer a avaliação de precocidade sexual em seu rebanho PO e a primeira a incluir o rebanho CEIP na experiência.

“Hoje, devido aos testes de precocidade, antecipamos para um ano a produção de sêmen de um touro. Tradicionalmente, o produtor teria de esperar até dois anos para confirmar a produção de sêmen do reprodutor”, diz ele. José Roberto observa que a fazenda não fica com um animal durante 12 meses comendo sem produzir nada. O lucro chega rápido, graças à antecipação da coleta e ao uso mais cedo no rebanho.

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"Na Fazenda Nossa Senhora de Fátima, um touro com três anos já tem filho de dois anos produzindo sêmen. No encurtamento do intervalo entre gerações,a receita vem no tempo poupado.” Por isso, diz ele, é importante identificar uma população precoce e multiplicar rapidamente seus atributos.

Médica veterinária conhecida e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul desde 1993, Eliane Vianna da Costa e Silva, que estuda há 15 anos a seleção para precocidade do nelore, ressalta a importância das experiências feitas na fazenda do empresário e em outros criatórios detentores de tecnologia. “O índice de 68% alcançado pela HoRa na safra 2017/2018, entre precoce e super precoce, é alto. Outros criatórios estão na faixa dos 35%.”

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Segundo a professora, a meta é fazer com que os zebuínos alcancem os índices de precocidade dos europeus,como angus, holandês e outras raças. “Nas raças europeias, ter animais púberes com dez, 12 meses de idade é comum. Nosso propósito é levar o nelore a alcançar esse nível de eficiência”, afirma.

Na opinião da doutora Eliane, a super precocidade do tourinho, que se mostrou púbere com 9,7 meses de idade, o mais jovem de todos os animais avaliados, atesta que o nelore pode, sim, ser precoce. “Prova de que existe uma variabilidade genética na raça e que podemos começar a estabelecer uma pressão maior na seleção para precocidade”, afirma.

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Na opinião da pesquisadora Fernanda Battistotti, outra grande vantagem do trabalho é a possibilidade de eliminar a fase de recria de um touro, o que leva a uma economia na produção, além de acelerar o progresso genético.

Os animais da marca HoRa são negociados em leilões e bastante disputados. “Pista limpa”, exclamou José Roberto no término de um pregão, realizado em julho do ano passado, em Uberaba (MG), no qual a Globo Rural estava presente. Toda a oferta teve comprador e a fatura foi a R$ 1,8 milhão. 

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O que é

O melhoramento genético é um instrumento de grande importância para a pecuária de corte brasileira, pois permite aos criadores aumentar a eficiência da produção e a lucratividade de seus rebanhos por meio de princípios genéticos.

As principais ferramentas utilizadas para o melhoramento genético dos rebanhos são a seleção dos melhores animais para a reprodução e a avaliação dos acasalamentos. Entre as estratégias de melhoramento genético que podem ser utilizadas estão os programas de controle de desempenho e a avaliação genética, os programas de cruzamento de raças e a aquisição de genética superior.

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Precocidade sexual (nelore PO na HoRA)

Na safra 2016/2017, dos 128 animais avaliados, 44% deles mostraram produção de sêmen antes dos 17 meses de idade, sendo 17% precoces e 27% super precoces.

Na safra 2017/2018, dos 201 animais PO avaliados, 68% apresentaram produção de sêmen antes dos 17 meses de idade, sendo 31% superprecoces e 37% precoces.

Ainda na safra 2017/2018, dos 258 machos CEIP, 60% apresentaram produção antes dos 17 meses, sendo 28% precoces e 32% super precoces. Após todas as avaliações, os tourinhos são classificados de acordo com a idade à puberdade, ou seja, idade em que produziram sêmen, em super precoces (púberes até 14 meses), precoces (púberes entre 14 e 17 meses) e tradicionais (púberes acima de 17 meses).
Source: Rural

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