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(Foto: Getty Images)

 

As mudanças no padrão de consumo de carnes do Brasil, após o início de pandemia de Covid-19, bem como a redução da renda média da população, levarão a uma queda de 2,8% no valor da produção pecuária em 2020.

O resultado do segmento deve impedir um crescimento ainda maior no Produto Interno Bruto (PIB) do setor agropecuário, cuja previsão do do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) passou de 2% para 1,5% neste ano, segundo Carta de Conjuntura divulgada nesta terça-feira (25/8).

 

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Segundo o instituto, o valor adicionado do segmento ao PIB agropecuário deve ser pressionado principalmente por uma produção 6,3% menor de carne bovina após a suspensão das atividades em alguns frigoríficos do país.

De acordo com os pesquisadores, a produção nacional tem apresentado queda desde o início do ano e, portanto, antes da pandemia de Covid-19. A doença, contudo, gerou mudanças nos tipos de corte mais consumidos pelos brasileiros enquanto suspensão das atividades de alguns frigoríficos reduziu a oferta da proteína.

“As suspensões na produção decorrentes da pandemia também ocorreram nos abatedouros de frango e suínos, no entanto a produção de bovinos foi a mais afetada”, explica o Ipea ao alertar para possíveis novas suspensões ao longo deste ano devido ao avanço da doença no país.

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Demanda em queda

Do lado da demanda, a Carta de Conjuntura destaca que os impactos da pandemia sobre o consumo interno afetaram a retomada do setor no primeiro semestre deste ano mesmo com o aumento das exportações.

“Com menos oferta de carne bovina e com a demanda internacional aquecida, o preço da carne bovina no varejo já alcançou alta de 22,0% na média de janeiro a julho de 2020, o que pode levar à substituição do produto por outras proteínas animais de menor preço, e afetar negativamente a quantidade demandada de carne bovina no segundo semestre”, aponta o instituto.

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Apesar de ter sido revisada para baixo, se a previsão do Ipea para o PIB da Agropecuária, se confirmar, o setor será o único na economia do país a encerrar o ano com crescimento, puxado principalmente pelo crescimento da produção agrícola. O Instituto revisou previsão de crescimento do valor adicionado do setor de 3% para 3,6%, acompanhando a melhora das perspectivas de safra para as principais culturas.

Segundo semestre

Para o segundo semestre, o Ipea destaca a  reabertura do setor de bares e restaurantes e elevação da ocupação no mercado de trabalho como fatores positivos para a demanda por proteína animal, mas alerta que a recuperação tende a ser menos acentuada no caso da carne bovina.

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Com o aumento dos abates no final do ano passado, quando os preços dos bovinos registraram forte alta, a oferta de bovinos diminuiu no mercado interno, gerando retenção de fêmeas e escassez de matéria prima para a indústria.

“Em 2020 o preço [da arroba do boi] continuou em alta, mas os produtores não conseguiram manter a oferta. E, justamente preocupados com a manutenção do rebanho, que os pecuaristas voltaram para o modo de retenção das fêmeas para assegurarem suas matrizes”, destaca a Carta de Conjuntura do instituto.

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Recuperação em 2021

Se para 2020 a piora nas perspectivas para a produção pecuária reduziram as previsões para o crescimento do PIB agropecuário de 2% para 1,5%, para 2021 as estimativas calculadas pelo Ipea com base no primeiro levantamento de safra da Conab para o ano-safra 2020/2021 apontam um crescimento de 3,2% para o setor.

Com a recuperação do segmento pecuário, o instituto calcula um aumento de 5% para o segmento pecuário e de 3,2% para a atividade agrícola, puxada principalmente pelas culturas da soja e do milho.

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“A instituição acredita que a rentabilidade dos dois grãos permanecerá alta em 2021, em especial pela manutenção da demanda internacional”, avaliam os pesquisadores do Ipea. Segundo a Conab, a produção brasileira de milho e soja deve ser recorde neste novo ano-safra, com 113 milhões e 132 milhões de toneladas , respectivamente.

O Ipea alerta, contudo, para os resultados negativos nas lavouras de algodão, atingida pela menor demanda interna após a pandemia de Covid-19, e café, devido à bienalidade negativa da safra 2020/2021.

No caso da produção de proteína animal, o instituto destaca um resultado 6,3% superior para a produção de carne bovina após forte queda em 2020. Entre os fatores que devem contribuir para a recuperação do setor, os pesquisadores citam a recuperação do rebanho brasileiro após os abates acima da média no final de 2019 e a recuperação gradual da economia.
Source: Rural

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