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(Foto: Thinkstock)

 

 

Diretamente beneficiado pelo pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 oferecido pelo governo federal, que manteve o consumo aquecido na pandemia, o setor de proteína animal defende a continuidade do benefício e uma transição gradual, sem rupturas, à normalidade.

"O setor advoga a manutenção, de alguma maneira, desses programas que foram muito importantes para manter a economia girando e o alimento na mesa dos brasileiros”, destaca Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

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Segundo pesquisa do Datafolha, mais da metade dos brasileiros (53%) que receberam o auxílio emergencial tiveram como principal gasto a compra de alimentos. Conforme o Ipea, o benefício evitou que 23,5 milhões de brasileiros caíssem na pobreza durante a pandemia, enquanto outros 5,5 milhões tiveram aumento da renda. Diante disso, a ABPA espera um crescimento de 2,5% no consumo per capta de carne de frango do país neste ano.

“Para o setor de carnes, em específico, isso foi importante. O setor perdeu a demanda de restaurantes e de outros estabelecimentos fechados com as estratégias de distanciamento social, no entanto, houve a manutenção de um bom ritmo de venda em grandes redes varejistas”, explica Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado.

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Iglesias destaca que, com o avanço da crise, houve mudanças do padrão de consumo, com uma maior busca por proteínas mais baratas, frango, cortes do dianteiro bovino e. principalmente. ovos. Segundo Santin, a indústria percebeu os efeitos do auxílio sobretudo a partir de abril, quando houve aumento repentino na demanda provocada pela corrida da população aos supermercados.

“A gente vê que, de fato, houve uma resposta imediata. E agora a gente vai tentar capturar essa substituição de proteínas, pois entendemos que, em alguns casos, elas podem se tornar novos hábitos alimentares”, explica o presidente da ABPA.

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A associação aponta um crescimento de até 6% nas vendas do mercado interno no primeiro semestre ante um aumento de 4% na produção esperado para este ano. As exportações, por sua vez, registraram alta de 1,7%, mas queda de 8,8% em receita no mesmo período.

“A gente conseguiu vender melhor em volume, mas o preço médio está sendo pressionado. Lógico que, em reais, devido à desvalorização do dólar, esse resultado ainda é atrativo para a indústria”, explica Wagner Yanaguizawa, analista de proteína animal do Rabobank.

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Diante desse cenário, Yanaguizawa avalia que o fim do benefício poderia levar a uma queda do consumo em um momento em que a indústria enfrenta aumento de custos devido à valorização do milho no mercado interno.

“É um aporte financeiro muito grande e que, se acabar, vai impactar nas questões de consumo. Isso pode acabar trazendo um cenário de pressão doméstica e, pensando em custos de produção elevados, a indústria dificilmente vai absorver esse aumento”, explica o analista, ao alertar para uma possível alta dos preços em meio à queda do consumo.

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Na avaliação de Iglesias, da Safras & Mercado, o fim do auxílio deve intensificar o processo de migração no consumo de proteínas para alternativas mais baratas, a exemplo do que vem ocorrendo desde o início da pandemia. “Basicamente a carne bovina se tornará um luxo praticamente inviável para as parcelas mais pobres da população enquanto frango e ovo seguirão com a preferência dessa parcela da população”, explica o analista

Com sua popularidade impulsionada pelo pagamento do auxílio emergencial, o presidente Jair Bolsonaro tem dado manifestações favoráveis à continuidade do pagamento, mas ainda enfrenta o desafio de fazer caber no orçamento o gasto de mais de R$ 50 bilhões mensais que o programa representa no orçamento público.

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A decisão final do governo, que pode incluir a redução no valor do benefício, deve ser anunciada nos próximos dias, já que neste mês está sendo paga a última parcela, após uma primeira prorrogação de dois meses.

“Tem que manter [o benefício] de alguma maneira, para que a gente consiga fazer uma retomada sem nenhuma ruptura entre a passagem de sair do auxílio e voltar à atividade econômica normal, porque não tem como sustentar isso a vida inteira”, reconhece Santin.
Source: Rural

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