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(Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)

 

O Brasil possui 1,3 milhão de hectares de arroz irrigado. O Rio Grande do Sul concentra 72,9% do total, seguido por Santa Catarina (11,5%) e Tocantins (8,4%). Os dados são do Mapeamento do Arroz Irrigado no Brasil, produzido por Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), que foi lançado nesta sexta-feira (21/8) após Globo Rural ter acesso em primeira mão. 

A produção é identificada por meio do mapeamento em 342 municípios, mas apenas 75 deles totalizam 1,1 milhão de hectares, ou seja, 85% da produção do país. Novamente, a maioria é encontrada no Rio Grande do Sul (49), Santa Catarina (15) e Tocantins (6). Em seguida, há um município produtor em Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná e Roraima.

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“Os dados em escala municipal para a política hídrica ainda são muito sensíveis. Com o mapeamento, é possível saber qual o espaço exato no município e de qual rio está sendo retirada a água”, explica Thiago Fontenelle, coordenador de estudos setoriais da ANA, ao exemplificar que há municípios gaúchos que concentram a produção em apenas 10 ou 12% da área territorial.

O mapeamento nos Estados de maior produção foi realizado por meio de interpretação visual de imagens de satélite, seguida de verificação de campo feita por técnicos da Conab, com parceria de instituições locais, como Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga),  Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).

Devido ao uso de imagens de precisão, Cleverton Santana, superintendente da Conab, esclarece que foi possível corrigir estimativas de área, além de haver um acompanhamento agrometeorológico, pois “sabendo a geolocalização da área dá para saber os impactos do clima”.

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A partir do levantamento, também foi possível identificar com mais precisão que houve queda acentuada de 250 mil hectares na área irrigada de 2015 a 2020, mas a produção se manteve relativamente estável.

“A baixa se deve a fatores como comércio difícil, baixo preço pago, dificuldade de acesso a crédito, frustração na renda e problemas com plantas invasoras”, diz Fontenelle em entrevista exclusiva a Globo Rural. Mesmo assim, ele repara que quem continuou plantando incrementou a adoção de tecnologias e o uso melhor da água e, por isso, vem tendo resultados mais satisfatórios.

Segurança hídrica

 

 

É possível olhar o Tocantins com um possível incremento de produtividade de área, podendo aumentar a oferta de arroz no Brasil”

Thiago Fontenelle, coordenador de estudos setoriais da ANA 

Outra questão relevante para a ANA é a compreensão do estresse hídrico, já que 40% do volume de água captado para irrigação é destinado à cultura, mas o volume é utilizado, majoritariamente. É no intervalo entre 80 e 100 dias, por volta de outubro a dezembro, que há o maior uso da água e, por consequência, maior exploração das fontes. “Se a água for mal empenhada ou faltar, isso impacta a produção e a segurança alimentar, inclusive refletindo na cesta básica do brasileiro”, pontua.

Neste sentido, Fontenelle ressalta a aptidão agronômica do Tocantins para o arroz irrigado. Na avaliação, o Estado aparece com potencial de expansão da produtividade, mas exige cuidado na gestão hídrica, pois possui marco regulatório da ANA – conjunto de diretrizes que estabelece condições coletivas mais restritivas para controlar o uso da água em épocas de irrigação.

“Há um impacto muito grandes nos rios em poucos meses de irrigação, o que pode comprometer o plantio. Mas, à medida que a utilização da água de forma sustentável é aderida, assim como já acontece no Rio Grande do Sul, é possível olhar o Tocantins com um possível incremento de produtividade de área, podendo aumentar a oferta de arroz no Brasil”, esclarece o coordenador da ANA.

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Abastecimento à população

Cleverton Santana ressalta que compreender o arroz irrigado no Brasil ajuda a melhorar as estatísticas agropecuárias, auxiliando no abastecimento do alimento à população. “Se você consegue mapear o arroz irrigado, consegue identificar de onde está vindo essa produção, e isso impacta na logística e na distribuição", explica.

É por isso que ele também observa que compreender a aptidão do Tocantins pode sinalizar maior oferta de arroz ao longo dos próximos anos e contribuir para um plano de logística de escoamento da safra. Em paralelo, ele destaca os benefícios indiretos, como infraestrutura. “Imagine um cerealista que quer montar um armazém de arroz. Com um trabalho desse, ele sabe a melhor região para investimento", pontua.

O superintendente da Conab diz, ainda, que o monitoramento do arroz deve marcar o início de uma série abrangendo outras culturas. “Estamos planejamento o mesmo para soja, milho e algodão, que têm diversidade maior de área e perfil que o arroz", revela.

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Source: Rural

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