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(Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)

 

Em seu 11º levantamento de safra, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estima que a terceira safra nacional de feijão, em fase de colheita, atingirá 825,7 mil toneladas, volume 13,4% superior ao registrado em igual período do ano passado. O resultado reflete um aumento da produtividade da ordem de 13,7%, mas não será o suficiente para reduzir os preços da leguminosa, até 50% mais altos neste ano.

“Isso tem sustentado por conta do estoque estar bastante apertado e, por mais que a gente tenha aumento de produtividade, ainda assim vamos passar por um período razoavelmente apertado”, explicou o diretor de política agrícola e informações da Conab, Sérgio De Zen.

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Segundo o relatório divulgado pela instituição, praticamente todo o feijão colhido nas duas primeiras safras foi vendido pelos produtores. No início deste ano, o mercado viu um aumento atípico da demanda devido às medidas de isolamento social e prevenção à Covid-19, gerando alta expressiva nos preços da leguminosa.

“Diante da implantação do vazio sanitário, que limita o plantio em Goiás e Minas Gerais, e da intensificação da colheita da safra irrigada e da produção da região nordeste da Bahia, espera-se um aumento e concentração de oferta para meados de agosto e setembro”, avalia a Conab ao analisar a situação do abastecimento nacional de feijão-cores, que inclui o carioca, mais consumido pelos brasileiros.

Ibrafe contesta

Considerando a produção total de feijão, a previsão da instituição é de que a safra 2019/2020 se encerre com estoques de 311,5 mil toneladas, aumento de quase 30% ante o registrado no ano passado. O número é contestado pelo presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe), Marcelo Lüders. Segundo ele, os dados da Conab superestimam a área na Bahia ao estimar 200 mil hectares plantados nesta terceira safra. 

“A gente não encontra esses 200 mil hectares na Bahia de forma alguma. Além de não existir essa área, ainda tem a questão da produtividade, que sempre é baixa e esse ano será ainda mais por conta do excesso de chuvas e da ausência de tecnologia para o plantio dessas lavouras”, ressalta Lüders. A previsão da Conab é de que a Bahia registre crescimento de 54% na produtividade nesta terceira-safra, com 825 quilos por hectare.

Preços

Mesmo que se confirmem as previsões, o analista da Safras & Mercado, Jonathan Pinheiro, ressalta que a terceira safra representa cerca de 23% da produção total da leguminosa em 2019/2020, avaliada em 3,2 milhões de toneladas. “A partir de agosto, o ingresso de safra é reduzido e, até o mês de dezembro e início da nova temporada, o mercado já tem espaço para recuperações. Acredito que os preços não devem se aproximar tanto dos R$ 200 por saca e podem continuar subindo se a demanda seguir firme”, observa Pinheiro.

O analista lembra que, apesar de ter registrado que nos últimos meses, os preços de referência para o feijão carioca ainda encontram-se 39% acima do registrado no ano passado, com dúvidas sobre o resultado da produção no nordeste, responsável por um quarto do esperado para a terceira safra. “Pode ser que o impacto de perdas na reta final também não cause tanto efeito nos preços, mas é um fator de atenção”, ressalta.

Segundo Lüders, em algumas regiões do nordeste as lavouras foram simplesmente abandonadas, gerando um feijão de baixa qualidade. “Claro que não é algo que comprometa a qualidade desse produto, que vai acabar sendo consumido de alguma forma, mas não é um volume que a gente entenda que vá fazer trazer grandes contribuições para o abastecimento este ano”, avalia o presidente do Ibrafe.
Source: Rural

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