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(Foto: MDA/Divulgação)

 

 

As dificuldades encontradas pelos agricultores familiares para escoar a produção e garantir renda causam preocupação e incerteza no campo em meio ao avanço da pandemai de Covid-19 no Brasil. Os desafios dos produtores foram tema de live da Globo Rural na quarta-feira (27/5), transmitida via Facebook e YouTube.

Os problemas enfrentados pelos agricultores variam conforme a região do país, mas os principais são o fechamento e redução de movimento das feiras livres e a suspensão das atividades na rede pública de ensino, o qu e afetou as compras para merenda escolar, um dos principais canais de escoamento da produção da agricultura familiar.

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“O agricultor está produzindo e não tem garantia de comercialização. E, sem comercializar, nós podemos começar a identificar problemas de abastecimento, ou seja, supermercados com menos produtos que vinham da agricultura familiar”, afirmou Aristides Santos, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag).

O presidente da Contag apontou ainda a disparidade entre a taxa básica de juros, a Selic, e aquela ofertada pelos bancos. "A equipe econômica aprovou um crédito emergencial, através do Banco Central no Conselho Monetário Nacional, de um juro de 4,6% quando a taxa Selic está em 3%. Ou seja, há dificuldade do agricultor nesse momento em adquirir os recursos por conta dos juros", disse.

Assista à live, na íntegra

Santos lembrou também dos problemas enfrentados pelos produtores gaúchos durante a safra, que sofreram com intempéries, e criticou o governo pela demora no repasse do auxílio emergencial de R$ 600. “O Rio Grande do Sul está na seca e aguarda esse auxílio emergencial – já que o ‘Bolsa Estiagem’ ainda está em discussão – para diminuir a dificuldade dos agricultores”, declarou.

Apoio do governo

 

Durante a live, Fernando Schwanke, secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), reconheceu a dificuldade dos agricultores na venda de alimentos, Também citou o fechamento de feiras do agronegócio para a exposição de máquinas, assim como borracharias e restaurantes nas estradas.

“O Ministério da Agricultura atuou para garantir que essa rede de suprimento não fosse fechada. Para isso, editamos várias normativas e decisões técnicas que balizaram muitas decisões judiciais, de cooperativas entrando contra um prefeito para que não fechasse uma estrada. Isso ajudou muito a garantir que essa rede não fosse fechada”, disse.

Segundo o secretário, mesmo com o esforço do Mapa junto ao Ministério da Educação para a continuidade do Programa Nacional da Alimentação Escolar, Estados e municípios não fizeram a aquisição de produtos de pequenos produtores.

Da ponta, a execução dessa política é dos Estados e municípios. E muitos, até por questão de comodidade, acabaram indo comprar de grandes atacados ou a cesta pronta, e não compraram das organizações da agricultura familiar, o que acaba represando aquela produção

Fernando Schwanke, secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Mapa

 

Schwanke reconheceu que nem todos os agricultores receberam o auxílio, mas pontuou que muitos produtores foram atendidos.

"É importante dizer que 3,3 milhões de famílias que vivem no campo e recebem o Bolsa Família – a média desse Bolsa Família é de R$ 170 a R$ 200, dependendo do tamanho da família – receberam os R$ 600. Do total, 70% estão no Nordeste. Então, são mais de 2 milhões de famílias de agricultores que receberam esse auxílio emergencial, e [outros] 16% estão no Norte do Brasil", declarou.

Crédito

Sobre o projeto de lei que flexibiliza o vencimento de crédito para a agricultura, o porta-voz do Mapa disse que a necessidade varia de acordo com a cultura. “Editamos uma resolução que foi aprovada pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), jogando questões da Covid-19 para agosto, porque muitas cadeias produtivas continuam produzindo", afirmou.

Suínos e aves, por exemplo, são setores que continuam produzindo, e não há a necessidade de os produtores jogarem para frente o pagamento do seu crédito

Fernando Schwanke, secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Mapa

Segundo ele, a renegociação depende do acordo entre os bancos e os produtores. “Esses recursos não são inteiramente do governo, mas é um dinheiro da instituição bancária, onde a equalização são os recursos públicos”, completou.

Por fim, Schwanke declarou que os Estados com as principais perdas de produtos por conta da pandemia são São Paulo, Bahia, a região serrana do Rio de Janeiro, Paraná e Pará. E destacou os R$ 630 milhões destinados ao Programa de Aquisição de Alimentos.

“Pode ser que não seja suficiente, mas é um apoio bastante importante nas compras públicas para poder dar vazão, principalmente aos produtores de hortifrutigranjeiros”, disse.
Source: Rural

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