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Pandemia de coronavírus afetou os negócios e reverteu as expectativas da indústria de máquinas agrícolas (Foto: Divulgação )

 

As fábricantes de máquinas agrícolas foram menos afetadas pela paralisação da cadeia produtiva em decorrência da pandemia do coronavírus em comparação com outros segmentos da indústria de veículos, apontam dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgados nesta sexta-feira (08/5). As vendas não caíram tanto quanto as de outros segmentos que compõem o setor automotivo. Mesmo assim, as fabricantes de máquinas comercializaram 41,9% menos de março para abril, de 4.140 para 2.404 unidades.

Em janeiro, a perspectiva da Associação era ter um aumento de 2,9% nas vendas de equipamentos, com 45 mil unidades em 2020. No entanto, isso ficou impossibilitado diante da suspensão das atividades em unidades industriais. Os dados da Anfavea para o segmento englobam máquinas como tratores e colhedoras, e incluem também máquinas rodoviárias, como retroescavadeiras.

“Essa crise do Covid-19 é muito recente e não sabemos até onde isso vai durar. Temos que aguardar um pouco (para uma previsão). O cenário está mudando o tempo inteiro. De um lado, você tem o coronavírus, e, de outro, a demanda pujante por alimentos”, disse em entrevista à Globo Rural, o vice-presidente de Agronegócios da Anfavea, Alfredo Miguel Neto. “O produtor fica mais receoso no momento em que ele não sabe o que vai acontecer.”

Reflexos da crise

Os resultados das vendas do último mês demonstram, de forma mais clara, os efeitos da crise. Em março, o setor ainda havia contabilizado um aumento de 45,6% na comercialização em comparação com fevereiro, quando foram vendidas 2.836 unidades. No acumulado do primeiro quadrimestre do ano, são 569 máquinas a menos em relação ao mesmo período de 2019 (recuo de 4,5%), com 11.873 unidades.

A queda na produçao foi proporcionalmente maior. Em abril, foram fabricadas 1.752 máquinas ante as 4.119 em março, redução de 57,6% – também revertendo resultado de alta sobre fevereiro, quando foram produzidas 3.585 máquinas, segundo a Anfavea.

De acordo com o executivo, a retomada das atividades será gradual e pode levar um tempo para retornar ao nível pré-pandemia. “O mercado vai olhar o que precisa ser feito em termos de máquinas, o que é necessário produzir e o que há no estoque. Vendo isso e observando as seguranças dos nossos empregados, a gente vai, paulatinamente, fazendo essas mudanças (de aumento da produção)”, destacou Neto.

Conforme mostrou a Globo Rural nesta semana, a Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) prevê uma queda acima de 10% no setor para o ano.
Um dos segmentos mais prejudicados pela crise é o sucroenergético, com a redução da demanda dos consumidores por biocombustíveis, aumento na produção de açúcar e baixos preços do petróleo no mercado internacional.

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Além disso, os pequenos produtores, como os de frutas, legumes e verduras, também foram duramente impactados. “Esses agricultores foram pegos de uma forma mais forte, uma vez que há uma dificuldade em relação a crédito”, disse Neto. Por isso, o setor agrícola espera uma antecipação do Plano Safra, o que tem sido sinalizado pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

Uma saída para amenizar o problema com a pandemia tem sido o uso de canais digitais, como fazer os contatos de vendas via WhatsApp, além de feiras e workshops em mídias como Youtube ou Instagram. Para o VP de Agro da Anfavea, eventos como a Agrishow, maior feira do setor agrícola na América Latina, e que não foi realizada na data prevista para este ano por conta da pandemia, pode ser testada em um mix de feira física e digital.

“Essa questão do coronavírus, apesar de ser um desastre em inúmeros aspectos, você tem que observar as oportunidades de crescer com isso. Uma delas é estar mais contemporâneo para se aproximar do cliente. Mesmo quando retomarmos as atividades, esse afastamento social vai durar por um tempo”, declarou.

Exportação

Até a quinta-feira (7/5), o Brasil contabilizava 135,106 mil casos e 9,146 mil mortes confirmadas, de acordo com os dados do Ministério da Saúde. Os números são bem superiores em comparação com a Argentina, que teve 5,2 mil infectados e 273 mortes até a quarta-feira (6/5), e com o Uruguai, que tinha 657 casos e 17 mortes registradas até o início da semana. O rápido avanço da pandemia pelo território brasileiro é fator de preocupação para a indústria de máquinas agrícolas e rodoviárias.

É que essa disparidade em relação aos países vizinhos pode dificultar as exportações. Para se ter ideia, a venda para outros países caiu 51,1% em abril, com 477 unidades. O resultado do quadrimestre é 28,3% menor em relação ao ano passado, com 1.118 unidades a menos.

“A Argentina, em termos de contaminação, está muito melhor que o Brasil. Se a Argentina começar a retomar, ela demandará mais peças e equipamentos do Brasil e temos de estar prontos para atender”, afirmou Neto. “Se você não adotar as medidas sanitárias para mitigar esse risco à população, quanto maior a contaminação, mais a economia continuará caindo”, finalizou.
Source: Rural

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