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Andre Perfeito foi o convidado da Live Globo Rural de quarta-feira. (Foto: Rogério Albuquerque/Ed. Globo)

 

O atual patamar da taxa básica de juros, reduzida para 3% ao ano pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), nesta quarta-feira (6/5), tem seu lado positivo, mas, de outro lado, revela o nível do mal estar vivido pela economia brasileira diante da pandemia de coronavírus. A avaliação foi feita pelo economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito.

“Estamos em uma situação que degringolou. O juro caiu porque não tem inflação. A boa notícia é que está ruim. O fato da economia ter desacelerado não gera inflação porque não tem demanda”, explicou, em entrevista transmitida ao vivo pelo perfil da Globo Rural no Instagram. Nesta quinta-feira (07/5), o assunto da live será o mercado de flores no país.

Ele destacou que, no comunicado em que justifica a redução da Selic, o Comitê de Política Monetária sinalizou um novo corte na taxa, que, na avaliação do economista, pode levá-la a 2,5% ou até mesmo 2,25% ao ano. Mas a situação não deixa de ser de incerteza, disse Perfeito. Primeiro porque o crédito mais barato, estimulado pelo juros baixos, dificilmente vai chegar no tomador final, especialmente via bancos privados.

Esse corte dos juros me preocupa porque vai bater no dólar e o produtor rural é muito sensível ao dólar"

 

Além disso, acrescentou, os juros menores significam um real menos atrativo, elevando a cotação do dólar que, nesta quarta-feira (6/5), chegou a R$ 5,70. O movimento de valorização cambial é reforçado ainda pela queda nos preços de commodities e pela situação de instabilidade política vivida no Brasil. E a tendência é de câmbio a patamares elevados pelo menos até o final deste ano.“Esse corte me preocupa porque vai bater no dólar e o produtor rural é muito sensível ao dólar”, pontuou o economista-chefe da Necton Investimentos.

Na visão dele, o momento atual requer uma ação ainda mais agressiva do Estado brasileiro na economia, mesmo que isso signifique gastar mais e até mesmo comprometer a situação fiscal. Para André Perfeito, as consequências de não se fazer nada podem ser piores no futuro, caso a atividade econômica mantenha sua trajetória de retração diante do cenário trazido pela pandemia de coronavírus.

“O momento é e cautela por parte das pessoas, mas não pode ser um momento de acanhamento por parte do estado. O estado é o único que vai garantir que o Brasil vai continuar. Vai custar dinheiro? Vai. Mas imagine o que vai custar se não tiver”, disse ele.

O agronegócio tem que pressionar os bancos públicos para dar o dinheiro e o Estado tem que dar"

 

Para a agropecuária, Perfeito avaliou que o setor está em uma situação um pouco melhor, já que atende à demanda por itens básicos como alimentos, que têm sido prioridade nesses tempos de crise. No entanto, para o economista, o setor tem que ser mais bem atendido do ponto de vista de recursos financeiros. Ele sugeriu, inclusive, que bancos públicos emprestem a juro zero para o produtor rural.

“A queda da taxa de juros vai melhorar o custo do dinheiro para você, produtor? Não. Porque ao mercado resta manter o dinheiro caro porque o seu risco é menor. Quem tem que entrar? O Estado. Quanto custa? Nada. Me devolve lá na frente”, disse, lembrando que a comercialização dos produtor agrícolas gera impostos. “O agronegócio tem que pressionar os bancos públicos para dar o dinheiro e o Estado tem que dar”, acrescentou.
Source: Rural

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