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Com Argentina e Uruguai priorizando a China, Brasil ganhou espaço de mercado em Israel (Foto: Getty Images)

O avanço da pandemia de Covid-19 e seus efeitos sobre as viagens internacionais tem impedido que os frigoríficos brasileiros dêem continuidade aos abates religiosos voltados ao mercado kosher de Israel. Realizado por rabinos credenciados pelo país, 90% da mão de obra empregada no Brasil é de estrangeiros, que, após o fechamento dos aeroportos, estão impossibilitados de deixar seus países de origem.

“Do ponto de vista comercial, quem produz kosher está totalmente travado”, revela Felipe Kleiman, consultor e especialista em projetos e operações de abate da KLM Kosher.

Até o final do primeiro trimestre deste ano, as exportações brasileiras de carne para Israel somavam 10,25 mil toneladas, com crescimento de 55,6% ante igual período do ano passado. O Brasil acabou ganhando algum espaço deixado por Argentina e Uruguai. Os dois também são tradicionais exportadores, mas têm priorizado os embarques para a China.

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“Quando a China começou a comprar e aumentar a compra da Argentina e do Uruguai, ela naturalmente puxou o preço pra cima e, no segundo semestre de 2020, muitas plantas desses países não fizeram kosher”, relata o consultor. 

Assim, os embarques realizados pelo Brasil no primeiro trimestre referem-se a abates realizados antes da pandemia, até meados de março. Desde a segunda quinzena de abril, contudo, esses envios caíram.

“Claro que é um evento de força maior, mas prejudica a leitura da tendência que a China causou, de alta nos preços kosher no Uruguai e Argentina e migração das compras para outros países, inclusive o Brasil”, explica Kleiman.

Protocolo de segurança

Para contornar a situação,  a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) elaborou um protocolo de segurança submetido às autoridades israelenses e, assim, viabilizar a entrada de rabinos para a realização de abate kosher no Brasil. “Estamos
trabalhando, oferecendo garantias e protocolos para que a gente possa voltar a exportar o mais rápido possível. A expectativa que temos é de que haja uma decisão ainda esta semana”, afirma o presidente da Abiec, Antônio Jorge Camardelli.

Entre as proposições do setor aos importadores israelenses, estão a testagem dos profissionais antes do embarque para o Brasil e o oferecimento de voos fretados. Camardelli explica que esses profissionais são indicados pelos próprios importadores. Só depois que os exportadores brasileiros receberem a lista de rabinos e os países onde estão localizados, será possível definir a logística da operação.

“A Abiec já está tramitando isso junto com o governo brasileiro e israelense e com os importadores tentando viabilizar a retomada dos abates, mas em cima de garantias e protocolos”, ressalta Camardelli.

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De acordo com o consultor Felipe Kleiman, uma vez retomados os abates, a carne brasileira deverá levar cerca de um mês até chegar ao mercado kosher israelense. “Se estivesse em condições normais, os frigoríficos já teriam negociado seus contratos e o importador estaria enviando a equipe de abate”, observa o consultor.

Em Israel, ele afirma haver confiança por parte dos importadores de que não faltará carne no país, que possui estoques elevados. “Ninguém divulga o quanto tem de estoque, mas há confiança no mercado de que vai dar tempo de enfrentar a queda nas importações com os estoques atuais”, conclui Kleiman.
Source: Rural

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