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Lideranças da cadeia produtiva do leite descartam problemas de abastecimento por conta da pandemia de coronavírus (Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)

 

A cadeia produtiva do leite precisa de uma melhor organização para aumentar a sua competitividade e para que o produtor possa ter previsibilidade e acesso à tecnologia. A avaliação foi feita por represnetantes de produtores e da indústria, em entrevistas ao vivo transmitidas pelo perfil da Globo Rural no Instagram, nesta seta-feira (16/4).

“A previsibilidade para o produtor é fundamental para que se possa avançar em tecnologia. Temos um compromisso muito grande do setor de leite”, afirmou o secretário executivo do Sindicadto das Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS) Darlan Palharini.

O executivo disse não ser favorável à uma atuação significativa do Estado na atividade econômica, mas, no caso da cadeia produtiva do leite, há necessidade de alguma intervenção. Na visão dele, o segmento poderia ter instrumentos financeiros semelhantes aos existentes na cadeia produtiva de grãos. O governo poderia, por exemplo, se utilizar dos leilões de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP), para estimular a movimentação dos produtos pelo país em período de safra e entressafra nos Estados.

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“Devaríamos ter valores mínimos regionais para que o PEP cobrisse o valor do transporte”, argumentou, defendendo uma mudança na política de preços mínimos. “Nos Estados Unidos, tem venda futura do leite cru, seguro de margem para o produtor, para, justamente nesses períodos, consiga ter esse dispositivo para garantir a ele essa condição”, acrescentou, pontuando a necessisdad de “políticas de segurança” para o setor.

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges, defendeu que o governo precisa encontrar mecanismos para financiar o produtor, principalmente a taxas mais baixas. “Não podemos continuar com taxas altas e refinanciamento. Precisamos que isso seja encarado como atividade essencial. Existe um papel social fundamental e fantástico de uma cadeia gigante”, disse ele, destando que em torno de 1,2 milhão de propriedades rurais produzem leite no Brasil.

De outro lado, o presidente da Abraleite reconheceu que a pecuária leiteira do Brasil precisa melhorar seus indicadores de produtividade. Ainda há produtores no Brasil médias baixas, que chegam, inclusive, a inviabilizar a permanência na atividade. “Temos que evoluir muito. Não só o pequeno, como o médio e o grande”, disse ele.

Capital de giro

Um das principais necessidade destacadas pelas lideranças das cadeia produtiva do leite durante a transmissão é a de capital de giro. Geraldo Borges, da Abraleite, explicou que o produtor não tem controle sobre o preço de venda de seu produto para o laticínio. E acresccentou que, entre o momento da entrega e do pagamento pelo produto, leva de 30 a 40 dias. E que isso acaba afetando o planejamento do negócio.

“Tem produtores que não se organizam para adquirir a soja e o milho no melhor momento. O leite tem que ser trabalhado com planejamento anual. O pequeno tem mais dificuldade porque não tem capital de giro”, disse ele, lembrando que os preços de insumos como o milho e a soja estão mais altos nesse período.

Da parte da indústria, Darlan Palharini, do Sindilat/RS, indicou que as empresa vivem situação semelhante em relação aos seus clientes. Segundo ele, o tempo que a indústria leva para receber do mercado varejista varia entre 60 e 90 dias.

“Tem um desencaixe nesse sentido. O produtor tem entendido essa realidade, mas a gente não consegue trazer o varejo para sentar junto. E temos uma situação no Brasil em que o leite UHT virou produto de promoção em supermercado”, argumentou Palharini, explicando que, muitas vezes o varejista vende o leite a um preço mais baixo para usar o produto como chamariz e compensar no seu mix de venda.

Coronavírus

Apesar das dificuldades enfrentadas pela cadeia produtiva, nem produtores, nem indústria acreditam na possibilidade de dificuldades de abastecimento por conta do avanço do coronavírus no Brasil. Geraldo Borges, da Abraleite, destacou que no início da implantação das medidas restritivas de movimentação, houve uma procura maior por produtos como leite longa vida, o que resultou em um aumento de preços do produto.

A principal preocupação era com a logística, em função de decisões tomadas por estados e municípios que, em sua visão, destoavam das determinações do governo federal e traziam dificuldades. O setor, disse ele, entrou em contato com parlamentares, prefeitos e com o Ministério da Agricultura para que se resolvesse a situação. Neste momento, afirmou o presidente da Abraleite, os problemas tem sido pontuais.

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“O agro para sim, se o transporte parar. Sabemos disso e sentimos na pele com a greve dos caminhoneiros”, disse, lembrando do movimento do setor de transportes feito em 2018. Não podemos ter interrupção no transporte de pessoas e mercadorias neste momento”, acrescentou.

Darlan Palharini, do Sindilat/RS, afirmou que tem sido notadas no Estado algumas dificuldades de escoamento, particularmente entre grandes indústrias. De outro lado, não tem haviso problemas de captação de leite. Segundo ele, como o parque industrial gaúcho é dividido em 40% para leite UHT, 40% para leite em pó e 20% para queijos e outros derivados, tem sido possível fazer a produção fuir melhor.

“Não acredito em desabastecimento. Até porque 99% da produção do Brasil é consumida no mercado interno. Mas, passada a questão do coronavírus, se a gente tiver uma recessão muito forte, não ter como auxiliar o produtor, podemos ter uma quebra nessa relação, com um abandono de produtores que não terão folga para trabalhar com valores menores”, alertou o executivo dos laticínios do Rio Grande do Sul.
Source: Rural

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