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CEO da BRF afirma que plantas industriais estão em plena capacidade (Foto: Lucas Tavares/Agência O Globo)

 

A BRF vê risco de reduzir a atividade com o avanço da pandemia de coronavírus. O CEO da empresa, Lorival Luz, afirmou, no entanto, que “ainda não” houve ajuste de produção e que as plantas industriais da empresa estão operando em plena capacidade e com baixo nível de absenteísmo, à medida que têm sido adotadas medidas de segurança para evitar a contaminação de funcionários nos ambientes de trabalho.

“Digo ainda não porque a gente não consegue prever o dia de amanhã. Não é impossível, e, até pela experiência que a gente está vendo nos Estados Unidos, a gente pode ter algum nível de contaminação em alguma dessas plantas, que faça com que a gente tenha que reduzir, eventualmente, a velocidade da linha e isso pode trazer um impacto”, afirmou, em vídeoconferência da Necton Investimentos, na quarta-feira (15/4).

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O executivo explicou ainda que, diante de uma eventual diminuição de atividade nas unidades industriais, consequentemente, seria necessário fazer ajustes em ouras fases da cadeia, indicando a possibilidade de redução nos abates. “Se tem uma diminuição eventual da produtividade da fábrica, tenho que assegurar que a minha cadeia que venha de trás esteja adaptada com o mesmo nível do que sou capaz de produzir. Senão começo a gerar acúmulo no campo”, afirmou.

Luz disse, por outro lado, que, havendo a necessidade de ajustar a produção, a BRF tem condições de tomar essa decisão sem impacto significativo sobre a oferta de seus produtos. Isso porque, de acordo com o CEO, a companhia vem aumentando volumes e reforçando os estoques.

“Estamos monitorando cada uma das regiões e temos um plano claro de como ajustar e fazer essa distribuição, caso necessário. Faremos todo o esforço, tudo o que estiver ao nosso alcance para continuar produzindo com segurança para os nossos funcionários, mas também cientes da nossa responsabilidade de levar o alimento à população”, afirmou.

Demanda

O CEO da BRF disse ainda que não tem visto problemas de demanda por conta da pandemia. Segundo ele, a retração no food service, que representa cerca de 10% das vendas da empresa, foi compensada pelo aumento da procura no varejo, já que as medidas de restrição levaram as pessoas a deixar de comer fora e se alimentar mais em casa.

“Já estávamos preparados para isso porque foi o que aconteceu em outras regiões. A queda significativa no food service foi compensada pelo crescimento do varejo de bairro. Por isso que, no agregado, a demanda continua igual”, explicou.

Lorival Luz destacou também que grande parte das linhas de produtos da BRF é de congelados, que tiveram procura maior. E como a companhia trabalha com carne de frango e suína, mais baratas em relação à bovina, tem uma vantagem competitiva para momentos de maior aperto na economia e diminuição da renda dos consumidores.

“A capacidade do nosso consumidor está limitada ao tamanho da geladeira dele. A demanda tem uma elasticidade, uma variação semana a semana, mas ela não é absurda por esse efeito também”, comentou o CEO da BRF.

Peste suína africana

Em relação ao mercado internacional, Luz comentou que a BRF conseguiu fazer todos os embarques em março. Na primeira semana de abril, chegou a considerar a possibilidade dificuldades com a escassez de contêineres.

“Em março, conseguimos fazer todos os embarques. Em abril, na primeira semana, a gente achou que poderia ter problema de volta de contêiner, de timing, mas recebemos as informações das maiores empresas, de que conseguiram deslocar. Esta indo bem, mas estamos fazendo a gestão um dia após outro”, disse o executivo.

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O CEO da BRF afirmou também que, além da pandemia de Covid-19, a China ainda sente os efeitos da epidemia de peste suína africana (PSA), que reduziu a produção local e alterou o quadro de oferta e demanda por proteína animal. Segundo ele, a recomposição dos planteis locais está sendo feita com matrizes de baixa aptidão, podendo levar de dois a três anos para voltarem à normalidade.

Diante desse cenário, o executivo acredita que a expectativa para 2020 é de uma produção chinesa inferior à de 2019. O déficit de proteína neste ano pode ser igual ou maior que o do ano passado, que, segundo ele, foi de 10 milhões de toneladas. A tendência, portanto, é de forte demanda.

“Independente de Covid-19, o efeito da ASF (sigla em inglês para peste suína africana) sobre o mercado de proteínas é acentuado ainda em 2020 e, obviamente, a depender do que acontecer, a gente vai tendo uma nova tendência a partir de 21 e 22. É ano de déficit, de forte demanda, que exigirá exportações para a China não só do Brasil, mas de outros países”, avaliou.
Source: Rural

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