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(Foto: Cesar Ogata/Divulgação)

A restrição na circulação de pessoas nas grandes cidades já causa impactos no campo, onde os produtores têm relatado queda na demanda e dificuldades para escoar a produção de hortaliças.

“[Setores] como transporte e atacadistas e varejistas nos informam que os CEASAs estão muito vazios. Então, como os alimentos perecíveis vão chegar nas mãos dos consumidores?”, questiona  Jorge Kiryu, presidente do Conselho da Região de São Gotardo.

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O município fica localizado no Alto Paranaíba, região composta por outras seis cidades e que abrange 350 agricultores responsáveis por uma produção anual de 250 mil toneladas de cenoura e 100 mil toneladas de batata, além de abacate, repolho, beterraba, alho-roxo, entre outros.

Segundo Kiryu, os varejistas e atacadistas estão reduzindo muito as compras devido ao acesso restrito às lojas. “Nos sacolões do interior São Gotardo, por exemplo, está faltando muitos produtos, acredito que houve uma interrupção na cadeia de suprimento”, avalia o presidente.

Demanda menor

Em São Paulo, produtores de municípios que abastecem a capital também relatam queda na demanda. “Caiu muito o movimento. Já estava ruim, bem ruim e bem fraco. Não vinha vendendo como antes, mas agora parece que ficou pior”, conta Ismael Mendonça, produtor de folhosas em Campinas.

O agricultor, que fornece diretamente para restaurantes e redes de supermercados, avalia que, desde o início do estado de calamidade pública no país, as vendas da sua propriedade tenham registrado queda de cerca de 20%.

(Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

 

Food service

O fechamento dos restaurantes foi o que mais afetou os produtores de hortifruti, segundo explica Stefan Coppelmans, presidente do Instituto Brasileiro de Horticultura (Ibrahort).

“A história do delivery não está solucionando, isso não resolve e poucas pessoas têm condições de comprar comida por delivery. Além disso, como estão em casa e com tempo, as famílias estão preparando alimentos em casa. Então, entre os restaurantes que a gente abastece, o delivery não tem ajudado em quase nada”, afirma o presidente do Ibrahort.

Coppelmans é produtor de saladas prontas em Andradas, sul de Minas Gerais, e conta que tem como principal fornecedor redes de supermercados e restaurantes.

O pessoal deve estar se alimentando muito de alimentos não perecíveis, que estocaram na semana passada e, agora, quando vão ao supermercado, é uma vez por semana – e o setor de perecíveis depende de frequência da visita a supermercados

Stefan Coppelmans, presidente do Ibrahort

Ele avalia que tenha ocorrido um “efeito rebote” após o forte movimento registrado no varejo na semana passada. Com isso, as pessoas estariam indo ao supermercado comprar perecíveis somente quando constatam o desabastecimento de outros itens fundamentais.

Medidas de segurança

 

Em relação às medidas de segurança no campo, os produtores ressaltam que o maior risco está no momento de entregar a produção, quando têm contato com varejistas.

“Quando saio para fazer entrega, eu tenho que me preocupar. Então procuro ir rápido, entrar rápido, usar máscaras e já sair rápido também para não ficar muito em aglomeração. Mas aqui no campo não tenho medo, é grande e a gente fica longe um do outro”, relata a agricultora familiar Silvana Marlene de Campos, de Itapira (SP).

Proteção a funcionários

Entre as empresas maiores, esse cuidado tem se estendido também ao transporte de funcionários. Em São Gotardo, Kiryu conta que um decreto municipal exige que os ônibus de transporte oferecido pelas empresas operem somente com 50% da capacidade, com todos os trabalhadores sentados e respeitando o limite de um passageiro por banco. “É o ponto mais crítico”, observa o presidente do Conselho da Região.

A mesma medida tem sido adotada por Coppelmans em Andradas que, além de disponibilizar máscaras e álcool em gel para seus funcionários, tem buscado tranquilizá-los. 

“Estamos conversando com nossos funcionários e pedindo para eles manterem a calma, ficarem tranquilos, porque, a princípio, nosso setor é o último a ser afetado e, portanto, eles estão com os empregos relativamente mantidos”, conta o produtor.
Source: Rural

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