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Outlook Forum do USDA começou nesta quinta-feira nos Estados Unidos (Foto: USDA/Divulgação)

 

Os agricultores americanos devem plantar neste ano uma área 12% maior de soja e 5% maior de milho em 2020. As projeções foram apresentadas nesta quinta-feira (20/2) pelo economista-chefe do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Robert Johansson, no Agricultural Outlook Forum, realizado pelo órgão do governo.

A área plantada com a oleaginosa deve chegar a 85 milhões de acres (34,39 milhões de hectares). No ano passado, marcado por problemas climáticos que afetaram o calendário de plantio, foram 76,1 milhões (30,79 milhões de hectares). A área plantada com o cereal deve passar de 89,7 milhões (36,30 milhões de hectares) para 94 milhões de acres (38,04 milhões de hectares).

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“As projeções para os estoques de soja estão relativamente mais baixas. Com esses estoques de passagem menores, combinados com a continuidade de crescimento da demanda, é esperado um suporte e aumento da área plantada. A área de milho deve aumentar, apoiada em preços relativamente favoráveis”, disse o economista.

 

 

O USDA projeta ainda para 2020 um preço de soja americana 1% maior que o de 2019, podendo chegar a US$ 8,80 por bushel. Segundo Johansson, a projeção se baseia, por um lado, em normalização do comércio com os principais parceiros, com algum crescimento impulsionado pelos acordos comerciais.

Produção sul-americana

Por outro lado, o aumento da produção da América do Sul e a valorização do dólar devem também ter seu peso. Ele destacou, por exemplo, que, no terceiro trimestre de 2019, o real se desvalorizou 8% em comparação com o dólar e, nos últimos três meses do ano passado, teve uma alta de 4%. Mas, desde o início deste ano, a depreciação do real em relação à moeda americana chegou a 8%.

Para o milho, a projeção é de queda de 6%, com a cotação em US$ 3,60 por bushel. “Em contraste, é esperado um declínio no milho com maior área plantada e um esperado retorno à tendência de produtividade, depois de um clima desfavorável ao plantio no ano passado”, argumentou.

 

 

 

Mercado brasileiro

A perspectiva do USDA é de uma crescente competição com o Brasil no mercado de grãos. O cenário apresentado pelo economista-chefe da instituição leva em consideração o contínuo crescimento da produção brasileira de soja e milho.

“Acompanhando o aumento da demanda global, está a crescente competição com o Brasil, resultando em área maior de soja e de milho de segunda safra, que tem superado o plantio da primeira safra. Esse aumento da segunda safra de milho e uma melhora da infraestrutura dos portos do norte do país têm aumentado a concorrência no mercado global justamente no momento da colheita da safra dos EUA”, analisou.

 

 

 

 

 

 

Cenário diferente

 

Especialista em hedge e commodities agrícolas, a consultora Andrea Cordeiro destaca que a projeção do USDA para a área de soja neste ano é a mesma que foi feita inicialmente no ano passado, posteriormente revisada por conta dos problemas climáticos que atrapalharam o plantio. No entanto, o cenário atual é diferente do visto em 2019.

Andrea acrescenta que, no ano passado, ainda havia a incerteza relativa aos rumos da guerra comercial dos Estados Unidos com a China. Desta forma, agricultores que ainda carregavam estoques acima da média e financiavam os custos com terceirização de armazenagem acabaram não arriscando plantar.

“Esse ano, existe oficialmente um acordo para a Fase 1. As famílias produtoras parecem acreditar e apostar que a demanda chinesa migrará ainda nos próximos meses para a América do Norte e apostam que China concentrará compras da próxima safra nos EUA para poder cumprir o acordo”, analisa Andrea, sem deixar de considerar a possibilidade de mudanças futuras no cenário e, consequentemente, nos números.

Efeito eleitoral

Ela destaca ainda que, quando a guerra comercial começou, em 2018, os americanos estavam no plantio. Produtores do estado de Iowa, por exemplo, foram prospectar mercados na Europa, em meio a um cenário que também indicava safra maior na América do Sul. Agora, lembra a consultora, com eleições presidenciais americanas neste ano, Donald Trump tende a pressionar os chineses por compras maiores da soja do país.

“O Brasil acompanhará atentamente a evolução das tratativas entre os dois países e todos os passos da próxima safra dos EUA. Precisamos intensificar parcerias com a China sim, mas, em paralelo, buscar novos mercados e ampliar os existentes. O Brasil precisa disputar outros mercados com os Estados Unidos e não apenas a China”, avalia Andrea Cordeiro.
Source: Rural

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