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(Foto: Ernesto de Souza/Globo Rural)

 

 

*Publicada originalmente na edição 412 da Revista Globo Rural (fevereiro/2020)

redução da taxa básica de juros até sua mínima histórica, de 4,25%, somada à flexibilização das formas de financiamento agrícola proporcionadas pela Medida Provisória 897/2019, a MP do Agro, editada em dezembro e cujo texto-base foi aprovado neste mês pela Câmara dos Deputados, deve transformar significativamente o crédito rural no Brasil.

Diante das novas circunstâncias, bancos e cooperativas de crédito têm se movimentado para disponibilizar linhas de financiamento com capital próprio a juros livres que, em alguns casos, se aproximam das taxas fixadas pelo governo no Plano Safra.

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“À medida que a taxa de juros chega ao patamar atual, viabiliza que as instituições financeiras aportem recursos que não os controlados para atender a demanda dos produtores rurais”, observa Antonio Sidinei Senger, superintendente de crédito rural e direcionados do Sicredi.

A cooperativa espera que 35% dos R$ 17,5 bilhões previstos para serem oferecidos nesta safra sejam de capital próprio, à taxa média de 8,5% – uma marca inédita para a instituição. Já o Bradesco projeta uma carteira de crédito de R$ 50 bilhões até dezembro, dos quais R$ 7 bilhões serão com recursos próprios, a taxas de juros que variam de 6,5% a 9,5% ao ano.

As linhas subsidiadas, de forma geral, têm um grau de burocracia muito grande. Com a queda da taxa de juros, é possível dar uma condição boa ao produtor que busca fugir da burocratização

Rui Pereira Rosa, superintendente executivo do Bradesco

 

Termômetro no MT

 

Segundo levantamento realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a participação do sistema financeiro no financiamento da soja na safra 2019/2020 alcançou o maior patamar da série histórica: 25%, o equivalente a R$ 5,7 milhões e um aumento de sete pontos percentuais em relação ao ciclo anterior.

Já a participação dos bancos com recursos federais recuou quatro pontos na mesma comparação, para 9% (R$ 1,9 milhão).

 

 

 

“Com a redução da taxa Selic nos últimos meses e o aumento da taxa de juros para o Plano Agrícola e Pecuário (PAP), ficou mais atrativo ao produtor rural acessar o financiamento através de recursos sem subsídio governamental, seja pela não limitação de recursos por CPF ou pelo menor tempo para aprovação do crédito”, explica o instituto.

Com uma área projetada de 9,78 milhões de hectares, o total de custeio da soja no Estado foi de R$ 22,506 bilhões este ano, alta de 10,4% em relação ao ciclo anterior.

MP do Agro

Outro fator que contribuiu para dinamizar o mercado de crédito agrícola foi a MP do Agro, criando novas formas de financiamento e de garantia a serem oferecidas pelo produtor rural. Entre elas, a medida possibilitou a criação do patrimônio de afetação.

Com ele, o agricultor pode oferecer apenas parte da sua propriedade como garantia em operações financeiras. “Isso realmente traz um avanço e contribui para que o agronegócio tenha mais fontes de financiamento”, observa Antonio Senger.

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Detentor da maior carteira de crédito agrícola do país, o Banco do Brasil também ampliou a destinação de recursos próprios para este ano. A instituição dispensou a equalização do governo federal para os financiamentos do Moderfrota, linha do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), destinada à aquisição de máquinas e equipamentos, que este ano será feito com capital próprio.

“Além de ser uma economia para o Tesouro, isso é uma forma do banco também acreditar que a área econômica do governo está fazendo seu trabalho”, afirma o diretor de agronegócios do Banco do Brasil, Marco Tulio Moraes da Costa. No total, o banco destinará R$ 103 bilhões ao setor na safra 2019/2020, valor 30% maior que o disponibilizado em 2018/2019.

Foco em pequenos e médios

Marco Tulio explica que o novo cenário de mercado tem feito com que as linhas de crédito subsidiadas sejam direcionadas cada vez mais a pequenos e médios produtores.

“No futuro próximo, em duas safras, a tendência é que os recursos controlados sejam mais direcionados a produtores familiares, desonerando, assim, o Tesouro de fazer essas equalizações”, afirma.

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Com estratégia agressiva no financiamento agrícola, o Santander avalia o novo cenário como uma oportunidade. “Há uma clara movimentação do governo para desmontar toda uma estrutura de subsídios”, diz Paulo César Bertolane, superintendente executivo de agronegócios do banco.

A instituição espera um crescimento de 20% da sua carteira de crédito agrícola este ano, puxada principalmente por recursos próprios.
Source: Rural

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