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Atualmente, essa proporção está em 86% da colheita anual, o que confere ao país a posição de maior fornecedor global de fibra certificada (Foto: Embrapa)

 

A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) espera ter até 2020 quase toda a produção certificada segundo critérios de sustentabilidade e boas práticas. Atualmente, essa proporção está em 86% da colheita anual, o que confere ao país a posição de maior fornecedor global de fibra certificada, com 31% de participação no mercado, de acordo com estimativas da entidade.

“É para atender uma demanda que vem do consumidor. Para o mundo todo, a Europa, que são consumidores preocupados em, ao adquirir uma peça de algodão, não estará contribuindo com degradação, ter essa comprovação. A Abrapa vem trabalhando desde 2005 e hoje estamos em um processo de maturidade, com metas claras”, afirmou o diretor executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero.

Portocarrero participou de painel de discussões sobre a sustentabilidade na cadeia produtiva da pluma no 12º Congresso Brasileiro do Algodão, realizado pela entidade, em Goiânia (GO). Explicou que a meta é ter pelo menos 95% da produção certificada. Segundo ele, é difícil chegar aos 100% porque a metodologia pressupõe o plantio por vários anos seguidos e existe uma parcela de produtores que podem semear a fibra em um ano e em outro não.

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No âmbito da Abrapa, a certificação é feita através do programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR). Segundo Portocarrero, o cotonicultor deve ter sua produção em conformidade com 224 critérios sociais, ambientais e econômicos. A adesão é espontânea. Quando decide certificar seu algodão, o produtor recebe visitas técnicas na fazenda. Depois de corrigidas eventuais não conformidades, são feitas auditorias e, caso passe dessa fase, é feita a certificação.

“No início, é entendido como gasto extra, mas, depois, ele percebe um ganho e um retorno do investimento. Ao final, ele tem um programa de gestão eficiente da sua produção”, ressaltou Portocarrero. Além da certificação ABR, o cotonicultor pode obter o licenciamento Better Cotton Iniciative (BCI), de âmbito internacional.

Nas estimativas da Abrapa, apresentadas pelo diretor executivo durante o painel no Congresso, as propriedades certificadas têm apresentado, em média, 7% a mais de produtividade em relação às não certificadas. Na mesma comparação, a redução de custos é estimada em até 20%.

Para o mundo todo, a Europa, que são consumidores preocupados em, ao adquirir uma peça de algodão, não estará contribuindo com degradação, ter essa comprovação"

Marcio Portocarrero

Pegada hídrica

O painel em que foi discutida a sustentabilidade na cadeia produtiva do algodão teve a participação de Chiara Gadaleta, fundadora do portal Ecoera, que promove a discussão sobre práticas consideradas sustentáveis em setores como moda, beleza, design e gastronomia. Segundo ela, a moda um setor que, até alguns atrás, estava desconectado do debate sobre as boas práticas e a sustentabilidade.

“A mudança de mentalidade já é um grande ganho. A moda é um retrato do seu tempo”, disse ela, acrescentando que, há pelo menos dois anos, vem fomentando discussões sobre o uso da água na produção de roupas.

Em parceria com a indústria têxtil Vicunha, a Ecoera fez um estudo para estimar quantos litros de água são utilizados na produção de uma calça jeans no Brasil, desde o plantio do algodão até o descarte do produto final pelo consumidor. Baseada em uma metodologia global chamada de Water Footprint Network, o trabalho concluiu que o consumo chega a 5,196 mil litros por peça.

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Marcel Imaizumi, diretor executivo de Operações, Supply Chain e Novos Negócios da Vicunha, destacou, na apresentação, que, do consumo de água na produção da calça jeans, mais de 4 mil litros estão ligados ao plantio do algodão. Ponderou, no entanto, que 92% são de água da chuva. No método utilizado, essa água é associada à chamada Pegada Verde e, portanto, de menor impacto ambiental.

Imaizumi avaliou que há uma mudança de comportamento das novas gerações de consumidores, que já afeta os negócios na indústria têxtil e tende a interferir ao longo da cadeia produtiva. Com mais acesso à informação, são pessoas, em geral, mais jovens que querem saber de onde vem e como é produzido o que consome.

“Esta pressão está vindo como onda e vai chegar. Os consumidores estão mais engajados. A certificação da produção não é só pela legalidade, mas também pela causa, pela transparência”, disse o executivo.

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A metodologia usada para avaliar a chamada “pegada hídrica” da calça jeans foi questionada por integrantes da plateia. Em resposta, o executivo da Vicunha destacou que o trabalho foi validado por consultorias e que, ao apresentar os números, não visava desvalorizar a cotonicultura, que, na visão dele, produz com sustentabilidade. Precisa apenas promover melhor sua imagem.

“A cotonicultura tem um diamante bruto na mão, mas não está usando. Quando vocês mostrarem, o algodão brasileiro será first choice”, disse ele.

*O repórter viajou a convite da Abrapa

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Source: Rural

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