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Tereza Cristina afirmou que o Ministério da Agricultura deve fazer campanhas para que produtores rurais usem formas alternativas à queimada para abrir espaço no território (Foto: Guilherme Martimon/MAPA)

 

Por causa das proporções gigantescas da Amazônia, o Brasil não terá condições de ter o melhor sistema de fiscalização do mundo, disse a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. "O Brasil está trabalhando e vai trabalhar para fazer uma fiscalização cada vez melhor. Não será a melhor do mundo pelas dimensões", disse ela em São Paulo, ao ser questionada sobre a preocupação do setor do agronegócio com as queimadas. "Olha o tamanho da Amazônia, é como se tivessem 48 países da Europa na nossa região amazônica", comentou.

Por isso, ainda de acordo com a ministra, o Ministério do Meio Ambiente não consegue fazer toda a fiscalização das áreas sozinho – é necessária a colaboração dos Estados e das Forças Armadas. "Agora, as Forças Armadas vão poder nos ajudar com isso de maneira efetiva. E São Pedro está ajudando, porque deve chover em breve", disse.

Tereza Cristina afirmou que o Ministério da Agricultura deve fazer campanhas para que produtores rurais usem formas alternativas à queimada para abrir espaço no território. "Queimadas acontecem às vezes como ferramenta agrícola, principalmente por pequenos produtores rurais", afirmou. "O Ministério da Agricultura vai fazer campanha de utilização de outras metodologias para fazer abertura de áreas."

A Nasa e o Instituto de Pesquisa Amazônica (IPAM) afirmam que o aumento nos focos de incêndio nos últimos meses está mais ligado ao desmatamento do que a atividades que não desmatam. A ministra destacou que, além do aumento da fiscalização, é preciso avançar em áreas como regularização fundiária e crédito para o produtor. "Quando não se tem o título da área, nem sequer sabemos quem responsabilizar."

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Segundo a ministra, o ministro da Agricultura do Japão, Takamori Yoshikawa, com quem ela se reuniu nesta segunda-feira, não mencionou a ocorrência de queimadas no Brasil. Perguntada sobre o anúncio de ajuda dos países do G-7, feito nesta segunda-feira, ela afirmou que toda a ajuda é bem-vinda, mas que se deve analisar como utilizar os recursos.

"Reflorestamento, por exemplo, não é tanto o caso para o Brasil. Temos 66% de nossa vegetação nativa preservada. Então, basta, em alguns lugares, deixar que a floresta se regenere." Ela ressaltou que é necessário, também ajudar os moradores da região. "Vinte milhões de pessoas vivem lá. Para preservar, precisa dar condições de as pessoas terem seus negócios, viverem de maneira digna."

Ministra considera declarações de Macron "oportunistas"

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que considera "oportunistas" as declarações do presidente da França, Emmanuel Macron, que criticou o presidente Jair Bolsonaro. Entretanto, ela se disse satisfeita com os resultados da reunião do G-7, na França, em que os países mais ricos ofereceram ajuda ao Brasil para o combate aos incêndios florestais na Amazônia.

"Foram declarações oportunistas, isso prejudica a imagem do Brasil. Mas o bom senso prevaleceu e ontem (domingo), na reunião do G-7, tivemos apoio dos sete países dizendo que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa", disse a ministra na Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, em São Paulo.

Temos 66% de nossa vegetação nativa preservada. Então, basta, em alguns lugares, deixar que a floresta se regenere"

Tereza Cristina

Ela criticou também a cobertura da imprensa brasileira em relação às queimadas na Amazônia e à aceleração na liberação de agrotóxicos. "Fico preocupada com a histeria que hoje existe na imprensa brasileira em falar mal do Brasil. Isso é crime lesa-pátria que se comete. Tanto no problema ambiental… Qual país não tem esse problema?", perguntou ela.

"Principalmente com a Amazônia. Como se pudéssemos ter controle absoluto. E os recursos enviados para o Brasil nem sempre vão para o que é necessário. Tem de se colocar dinheiro aqui, mas não interferir na soberania do nosso País. Também sofremos campanha de resíduos que inexiste. O Brasil faz parte de todos os acordos internacionais, exporta para todos os países e raramente temos cargas devolvidas por problemas de resíduos."

Boicote

Tereza Cristina não descartou a possibilidade de boicote internacional a produtos brasileiros por questões ambientais: "Não posso descartar porque não sou eu que faço boicote." A ministra destacou, entretanto, que acha exagerado ligar os produtos agrícolas brasileiros à queimadas.

"O problema existe e o Brasil sabe disso. Há preocupação com queimadas – que acontecem todos os anos -, mas acho oportunismo dizer que isso tem relação com os produtos brasileiros", argumentou. Ela disse ainda que, apesar do aumento nos últimos meses, o avanço das queimadas em todo o ano de 2019 não é tão alto.

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'Compromisso com a sustentabilidade'

Segundo Tereza Cristina, o Brasil concilia produtividade e sustentabilidade na produção agrícola. "O caminho que o Brasil escolheu trilhar é o da ampliação da produtividade promovendo a sustentabilidade ambiental, econômica e social. O Brasil tem uma das legislações ambientais mais avançadas do mundo, o Código Florestal, que é referência e reforça o compromisso de seguir o caminho da sustentabilidade", afirmou em outro evento em São Paulo, o 4.º Diálogo Brasil-Japão.

A ministra afirmou também que é preciso mostrar ao mundo que o Brasil produz alimentos com sustentabilidade. "Os exigentes compradores globais precisam ser informados sobre a realidade da produção dos alimentos no Brasil – desde sua origem nas fazendas até a mesa do consumidor. É fundamental que o mundo conheça o exemplo que a agricultura brasileira tem a dar em aspectos ambientais, sociais e trabalhistas."

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Source: Rural

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