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Jair Bolsonaro e ministros em confraternização da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (FAMBRAS), na CNA (Foto: Alan Santos/Presidência da República)

 

Em meio ao temor de perdas comerciais com países árabes, criada pela aproximação do Governo Federal com Israel em razão da visita do presidente Jair Bolsonaro no fim do mês passado, o jantar com representantes dessas nações, realizado na noite da última quarta-feira (10/4), em Brasília, foi visto como o primeiro ato diplomático concreto do Brasil para amenizar uma possível crise. A avaliação é de alguns representantes árabes que participaram do encontro. 

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Um deles é o diretor executivo da certificadora Cdial Halal, Ali Saifi. Para ele, a forma como estavam sendo conduzidas as relações geraram um distanciamento e, até ontem, nenhum movimento concreto havia sido feito. “A política que estava sendo adotada feria o sentimento direto daquele povo. O Governo não fez, até então, nenhuma ação para contrapor o movimento que estava se estabelecendo. A mensagem que estava sendo passada não era de uma agenda positiva. Então, o jantar foi um movimento correto e sólido”, analisa Saifi.

O CEO da Siil Halal, Chaiboun Darwiche, também destacou como ponto positivo da reunião o compromisso assumido pelo presidente em visitar alguns dos países do mundo islâmico e árabe. “Essa iniciativa quebrou o gelo e o mal estar que tivemos. Vimos o reconhecimento do presidente quanto à importância desse mercado para o Brasil e respeitamos a decisão do Governo em querer ter um bom relacionamento com todos os países”, disse.

 

O encontro foi promovido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), representado pela ministra Tereza Cristina, e pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA). O objetivo foi o de estreitar o relacionamento e afastar as especulações sobre a possibilidade de as decisões políticas do Governo resultarem em perdas para o setor produtivo. 

A informação de que o Governo abrirá um escritório de negócios em Israel e a sinalização pela transferência da embaixada brasileira no país, hoje baseada em Tel Aviv, para Jerusalém, cidade disputada por árabes e israelenses, causou temor pois significaria perdas comerciais, já que essa região do mundo é uma das principais importadoras de proteína animal brasileira. Somente em 2018, o total de exportações para os árabes foi de US$ 16,4 bilhões, segundo dados da CNA. 

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Durante o jantar, Bolsonaro afirmou que o Governo está de “braços abertos” para os países islâmicos e árabes. Segundo informações do Planalto, o presidente espera que os laços comerciais se transformem cada vez mais em “laços de amizade, respeito e de fraternidade”.

O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, avaliou como “louvável” a iniciativa e afirmou que o fato de o Brasil se aproximar de um país, não precisa significar que as relações com as demais nações sejam prejudicadas.
 
Ele ainda lembrou que há 40 anos o país tem negócios com países árabes e islâmicos, uma relação que considera “boa e crescente”. “Nosso comércio com eles representa entre 48% a 50% de tudo que exportamos para o mundo. Nenhum país pode abdicar disso. Não somos especialistas em armas e em tanques de guerra. Fornecemos produtos para a paz: alimentos”, concluiu. 
 
As exportações de proteína animal brasileira somaram em média US$ 3,3 bilhões no ano passado para a região.

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Além de Bolsonaro e da ministra Tereza Cristina, participaram do jantar com representantes de países árabes o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, os deputados federais Eduardo Bolsonaro e Alceu Moreira, entre outras autoridades.

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Source: Rural

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