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Os efeitos dos fenômenos na agricultura brasileira podem beneficiar ou prejudicar a produção (Foto: José Medeiros/Ed. Globo)

 

Uma das razões da fama dos niños vem dos efeitos — positivos e negativos — que eles podem causar na produção agrícola. Por isso, em ano que se fala dos fenômenos, os agricultores ficam atentos às decisões que precisarão tomar no manejo de suas lavouras.

No Brasil, os efeitos são razoavelmente conhecidos e diversos de região para região. Os impactos não serão exatamente iguais todos os anos devido aos fatores que levam à variabilidade climática.

>> Leia a primeira reportagem da série

Em anos de atividade do El Niño, as temperaturas geralmente sobem no inverno. Segundo o meteorologista Celso Oliveira, da Somar Meteorologia, o clima pode até ficar parecido com o do verão em alguns anos. Em relação às chuvas, o impacto no centro (ou interior) do Brasil será pequeno. O tempo fica seco, como acontece no inverno neutro.

As maiores mudanças pluviométricas ocorrem no Rio Grande do Sul e no Nordeste. No primeiro caso, chove muito. "O inverno gaúcho já costuma ser úmido. Com El Niño, fica mais ainda", diz Celso. Isso não costuma ser bom para o trigo, uma cultura que precisa de bastante luz. "Além disso, o cereal precisa de frio. Com El Niño, não faz tanto frio assim”. A umidade em excesso ainda aumenta o risco de doenças causadas por fungos.

No Nordeste é diferente. "Com El Niño, há seca no verão. No inverno, já é comum não chover, mas, deixando de chover no verão, as culturas de grãos são penalizadas", explica.

Outra cultura influenciada pelo El Niño é o milho segunda safra ou safrinha. “Embora ainda não tenhamos estudos que mostrem uma relação clara entre o fenômeno e a quantidade de chuvas no Sudeste e Centro-Oeste, se percebe que em anos de El Niño o período úmido é mais curto nessas regiões”, diz Celso. “Então pode acabar faltando água no final do desenvolvimento do milho safrinha. Isso aconteceu em 2016, por exemplo, e penalizou a cultura”.

(Giovanna Gomes/Ed. Globo)

 

Já a La Niña torna o tempo no Rio Grande do Sul mais seco, o que favorece o trigo. Segundo o meteorologista, as condições para o cultivo do cereal podem ser até melhores do que em anos neutros, porque, além de chover um pouco menos, as ondas de frio são mais frequentes. A queda de temperatura não costuma ser radical a ponto de trazer geadas.

Na região Sul e no litoral paulista e fluminense a temperatura em geral cai sob influência da La Niña. “Tanto a mínima quanto a máxima ficam mais baixas”, explica Celso. Mas, para a maior parte das regiões produtoras no interior do Sudeste e do Centro-Oeste, os anos de La Niña têm uma amplitude térmica maior: tardes quentes, mas noites e madrugadas mais frias que a média. “Isso acontece porque a La Niña deixa o clima do outono e inverno ainda mais seco no interior do país. Inclusive, a seca que tivemos nesse primeiro semestre foi um resquício da sua última atuação”.

No Matopiba, no Nordeste, as culturas de grãos são beneficiadas pela La Niña. “Sob influência do fenômeno, a chuva na região é duradoura, mais prolongada. Costuma ser suficiente para cobrir todo o ciclo da cultura, o que não acontece sob El Niño”.

Leia a próxima reportagem: Em que momento seus efeitos aparecem

Confira as outras reportagens da série:

>> O que são os fenômenos El Niño e La Niña
>> Motivos do aquecimento e resfriamento da água do Oceano Pacífico

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Source: Rural

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