A associação tem reforçado aos produtores a necessidade de uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e aplicação de acordo com as recomendações do Responsável Técnico (RT) (Foto: Thinkstock)
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz Pereira, disse nesta segunda-feira, 3/9, que a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) de derrubar a liminar que suspendia, a partir desta segunda, o registro de produtos à base de glifosato "veio em boa hora". "O plantio começa na semana de 15 de setembro e o produtor agora pode ficar mais tranquilo", afirmou. Ele, porém, ressalvou que, como a questão "trouxe insegurança para revendas e distribuidoras, os produtos podem encarecer porque está em cima da hora".
No dia 3 de agosto, a Justiça Federal em Brasília concedeu antecipação de tutela para que a União não concedesse novos registros de produtos contendo como ingredientes ativos glifosato, abamectina e tiram, e que suspendesse, no prazo de 30 dias, o registro de todos os produtos à base dessas substâncias até que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concluísse os procedimentos de reavaliação toxicológica. Segundo Pereira, a decisão que bloqueava o registro de produtos à base de glifosato vinha causando incerteza tanto para produtores como para distribuidores. "As pessoas estavam sem saber o que fazer, se vendiam ou compravam. Não sabiam se seria possível distribuir."
Para o presidente da Aprosoja Brasil, a tendência é de que a comercialização e distribuição se normalizem nesta semana. Ele não descartou, entretanto, a possibilidade de atrasos no plantio. "Vamos ver como vai funcionar nos próximos dias a distribuição. Muitos produtores já haviam comprado, era só entregar; vamos ver como vai ficar o andamento", apontou. "Nosso sistema logístico é precário, mas a gente espera que vá dar tudo certo."
>> Tribunal derruba liminar que suspendia registro de agrotóxicos à base de glifosato
>> Avaliação do glifosato tem que ir além da possibilidade de câncer, diz Anvisa
>> Sem glifosato, próxima safra está ameaçada, dizem produtores de soja
Pereira ponderou, ainda, que a semeadura depende não apenas do fim do vazio sanitário mas também do clima. "O Paraná está recebendo bastante chuva. No Centro-Oeste, ainda não choveu o suficiente."
Pereira assinalou que a associação deu apoio técnico ao ministério da Agricultura, que, por sua vez, forneceu informações à Advocacia Geral da União (AGU) para subsidiar o questionamento da suspensão do registro. "A gente já vinha alertando e mostrando com embasamento técnico o impacto que traria para a agricultura se os produtos à base de glifosato ficassem proibidos", disse. "A produção de grãos com plantio direto tem sido muito bem-vista pelo mundo inteiro." O herbicida é utilizado para dessecar a palhada da cultura anterior, semeada no mesmo espaço em que entrará a soja no plantio de verão. Serve, também, para eliminar eventuais plantas daninhas antes da semeadura da soja ou que surjam durante o desenvolvimento da oleaginosa.
Conforme o presidente da Aprosoja Brasil, a associação tem reforçado aos produtores a necessidade de uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e aplicação de acordo com as recomendações do Responsável Técnico (RT). "O Sistema S, por meio do Senar, tem capacitado para aplicação de defensivos. A gente trabalha com precaução", disse. "Todo produto tóxico tem risco – combustível também tem risco -, mas é só trabalhar dentro das normas."
Gosta das matérias da Globo Rural? Então baixe agora o Globo Mais e acesse todo o conteúdo do site, da revista e outras publicações impressas do Grupo Globo no seu celular.
Source: Rural