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A mineira Marina Neves, de 28 anos, tinha uma carreira consolidada quando decidiu dar uma guinada na vida. Formada em comunicação social com ênfase em jornalismo, mestrado em marketing na Rússia e passagem por assessorias de comunicação, iniciou a mudança partindo para a área comercial de um clube de futebol de Minas Gerais, onde atuou por um ano e meio.

“Naquele momento, eu gostava do meu trabalho, mas estava em busca de um crescimento profissional e de ter mais autonomia. Eu não sabia se seria na área da comunicação, na área comercial ou marketing”, conta. Caçula de cinco filhos, ela trocou os campos de futebol pelos campos da família no interior de Goiás. Buscou capacitação para assumir a sucessão das fazendas de pecuária, em Divinópolis (GO), mas seu maior aliado foi mesmo o pai, que é pecuarista.

Para isso, matriculou-se no curso de gestão do agronegócio, no segundo semestre de 2019. Ao mesmo tempo, está fazendo o curso on-line de capacitação em gestão na pecuária de corte para agregar mais conhecimento e gerir as três fazendas de 2.100 hectares em Goiás e uma pequena propriedade em Amarantina (MG). Ao todo, as propriedades têm 2.100 cabeças de gado.

Do jornalismo à roça: Marina Neves abandonou a comunicação e agora se capacita para assumir as fazendas da família (Foto: WENDERSON ARAUJO/TRILUX)

Hoje, Marina acompanha o pai nas idas às fazendas, mas já traça planos para quando assumir os negócios. “O principal é adotar novas tecnologias que facilitem a gestão. O objetivo é ter a propriedade na palma da mão, visto que a gestão é feita à distância. Penso em investir mais em treinamentos e cursos voltados aos colaboradores, para que se sintam mais engajados”, afirma.

A comunicóloga, que será gestora e pecuarista em um futuro próximo, representa o perfil dos novos profissionais do campo, que retornam ao interior depois de buscar capacitação no agronegócio. Na maioria das vezes, são eles os responsáveis por aplicar novas tecnologias ao negócio e implementar uma visão de gestão profissional nas fazendas.

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Gestão lean: a próxima fronteira agrícola

 

Para a diretora de educação profissional e promoção social do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Janete Almeida, a gestão é determinante na viabilização de qualquer inovação tecnológica que se queira implementar no sistema. Por isso, é ainda maior a procura por cursos nas instituições de assistência técnica rural no Brasil.

A entidade oferece, na modalidade de ensino à distância, mais de 80 cursos nas áreas de empreendedorismo e gestão de negócios, agricultura de baixa emissão de carbono, manejo de pastagens, bovinocultura de corte, agricultura de precisão e qualidade de vida.

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Mas o curso EaD mais procurado em 2020 foi na área de empreendedorismo e gestão de negócios, NCR – Negócio Certo Rural. De março de 2020 a março de 2021, a procura por capacitações on-line no Senar teve aumento de mais de 53%.

O Sebrae também tem sido muito mais demandado. Em 2016, os cursos voltados para o agronegócio, que envolvem gestão e inovação, representavam 23% do total. Em 2020, passaram a ser 35% e, nos três primeiros meses de 2021, saltaram para 39% entre os mais procurados.

Não jogo mais dinheiro fora. Aprendi a produzir, baixei meus custos e meu produto é muito bom"

Marcio Pereira Martins, agricultor em Alexânia (GO)

A grande demanda dos atendimentos realizados para capacitação – e que ganharam ritmo na pandemia – está vinculada ao uso de plataformas digitais de marketplace. A razão disso está na necessidade que os produtores têm de aprender a apresentar e diferenciar seus produtos diante de um mercado cada vez mais diverso e desafiador.

“Esses produtores viram que precisam virar empresários rurais”, resume Victor Ferreira, analista de competitividade em agro no Sebrae.

Márcio Pereira Martins, agricultor em Alexânia (GO), com a esposa, Maria José Araújo (Foto: Wenderson Araujo/Trilux)

 

O casal de agricultores Márcio Pereira Martins, de 53 anos, e Maria José Araújo Martins, de 51, sempre produziu pimentão verde em Alexânia (GO), a cerca de 70 quilômetros de Brasília, do jeito que aprenderam.

Depois de buscar conhecimento em cursos do Senar na área de irrigação, defensivos agrícolas e gestão, eles observaram um salto na produtividade e na qualidade de vida. A produção, que era concentrada em 12 estufas, hoje ocupa 16. Diversificaram a colheita e elevaram os lucros.

Os frutos desse crescimento proporcionaram pagar o curso de engenharia ambiental da filha, investir em trator, caminhonetes e na reforma da casa. "Não jogo mais dinheiro fora, aprendi a produzir e baixar meus custos. Meu produto é muito bom, bem-aceito e não uso mais adubo químico”, diz Márcio, com orgulho. Não é para menos.

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Source: Rural

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