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O ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, disse acreditar em um viés otimista para a economia brasileira (Foto: Raphael Salomão/Ed. Globo)

 

O ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, disse, nesta quarta-feira (29/5), acreditar em um viés otimista para a economia brasileira, mas pontuou que não se deve subestimar as dificuldades do atual momento. Ele falou sobre a situação econômica e o novo governo na 8ª edição do Coffee Dinner & Summit, promovido pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), em São Paulo (SP).

Citando indicadores do Banco Central, Franco avaliou que o resultado da economia brasileira no primeiro trimestre deste ano deve ser ruim. Os números do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro devem sofrer o impacto de fatores como as mudanças na estrutura do novo governo, o ritmo de tramitação de medidas importantes, como a Reforma da Previdência, e ocorrências como o rompimento da mina da Vale, em Brumadinho (MG), em janeiro.

“Estou otimista, moderadamente. O que parecia ser um grande improviso começa a se organizar de uma forma que faz muito sentido e pode muito bem funcionar. Ou não. As pessoas estão com o pé no freio, esperando as coisas clarearem um pouco mais”, disse ele.

Para o ex-presidente do Banco Central, o país nunca teve um ministro da Economia com tanto poder como o atual, Paulo Guedes. Segundo Gustavo Franco, a pasta fundiu diversos ministérios ligados à área econômica. Além disso, Guedes integra um governo em que o presidente da República praticamente terceirizou a agenda econômica, o que lhe impõe o peso da responsabilidade de entregar os resultados.

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Nesse cenário, o Congresso Nacional, e particularmente o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assumiu um protagonismo que Gustavo Franco avalia como maior do que se esperava. E a adaptação a essa nova situação política tem causado o atraso na tramitação de projetos importantes para o país, piorando a expectativa relacionada à execução da política econômica e ajudando a diminuir a confiança em relação à economia.

“A safra de medidas provisórias que caducam no dia 3 está atrasada. Só ontem (terça-feira) foi aprovada a primeira”, disse, em referência a reforma administrativa, votada no Senado Federal.

Na avaliação de Gustavo Franco, a economia brasileira vem se recuperando de forma lenta desde o ano passado e o principal desafio neste momento é a redução do desemprego, que atinge milhões de pessoas em todo o país. Ressaltou que a aprovação da Reforma da Previdência é um marco da política econômica, mas não é a única questão a ser resolvida. O governo precisa também direcionar questões fiscais e trabalhistas, por exemplo.

Em relação à reforma tributária, cuja discussão também ganhou força no Congresso Nacional recentemente, Gustavo Franco avaliou que o assunto não avança porque os Estados sempre entram na discussão com a intenção de ganhar receita em relação à União. O economista acredita que o princípio fundamental tem que ser o da neutralidade.

“Reforma tributária é claramente um projeto de ganha-ganha. Vai ser melhor para todo mundo. É da maior importância, como é o assunto trabalhista e sei que a turma lá do Paulo (Guedes) tem muitas ambições nesse terreno”, afirmou.

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Para Franco, após o anúncio de números negativos referentes ao primeiro trimestre, o governo tende a anunciar medidas consideradas positivas, na tentativa de passar a impressão de que a situação ficou para trás. Questionado sobre a expectativa para a taxa de câmbio para o final deste ano, avaliou que a aprovação da Reforma da Previdência levará a um fortalecimento do Real, diminuindo a taxa de câmbio.

“Hoje, salvo engano, a projeção de consenso para dezembro que é 3,80, que é meio caminho entre o dar muito certo e o dar muito errado, se passar a previdência tenho a impressão de estar abaixo disso ai, se não passar, não sei, aí é uma situação diferente. Minha bola de cristal não é capaz de ir além disso”, disse.

Guerra comercial

 

Ao comentar a situação da economia internacional, Gustavo Franco destacou que a elevação das taxas de juros nos Estados Unidos não provocou uma “confusão maior”, reduzindo o que chamou de apreensão relacionada a esse cenário. A situação mais preocupante é a guerra comercial entre Estados Unidos de China. Na avaliação dele, deflagra um processo de “desglobalização” na economia e desarruma cadeias de valor. Além de acontecer justamente no momento em que o Brasil tenta colocar um agenda mais liberal para a economia.

“Um combate mercantilista entre Estados Unidos e China vai dividindo o mundo. Talvez seja uma pequena ilusão achar que a gente pode ficar assistindo isso e não escolher um lado. Os dois lados, à medida que a coisa avança, vão querer mais aliados e não países oportunistas buscando apenas as melhores oportunidades de fazer negócios”, avaliou.

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Source: Rural

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