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No início do mês de junho, enquanto fiscais federais agropecuários anunciavam a realização de uma greve, em protesto contra a atual situação da categoria, a indústria de carnes entrava em contato com o governo para pedir "medidas", sob a alegação de que uma paralisação poderia trazer prejuízos econômicos ao país. Um ofício foi enviado ao Ministério da Agricultura no dia 9 de junho pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec) no dia 9 de junho. No dia 14 de junho, horas depois do início, a manifestação dos fiscais foi suspensa por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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Industria de carne pediu medidas contra a greve dos fiscais alegando que poderia atrapalhar inspeções de frigoríficos (Foto: REUTERS/Paulo Whitaker (BRAZIL))

 

O ofício da indústria, obtido por Globo Rural, foi enviado à Secretaria de Defesa Agripecuária do Ministério da Agricultura. É assinado pelos presidentes da Abiec, Antônio Jorge Camardelli, e da ABPA, Ricardo Santin. Segundo eles, a paralisação comprometeria as inspeções realizadas pelo governo da Malásia para habilitar novas plantas frigoríficas a exportar para o país. As visitas, afirma as duas entidades, iniciaram-se em 6/6, um dia antes do anúncio de greve feito pelo Anffa-Sindical, e ocorrerão até a próxima quinta-feira (23/6).

Ao todo, 20 funcionários do governo malaio vieram ao Brasil para a habilitação de novas plantas no Brasil. Segundo cronograma de visitas ao qual Globo Rural teve acesso, dez visitas estavam programadas para os dias 14 e 15 de junho: três em unidades do Paraná, duas no Pará, duas em Rondônia, duas em São Paulo e uma em Mato Grosso do Sul.

A Malásia foi destino de 12,3 mil toneladas das 7,75 milhões de toneladas exportadas pelo Brasil no ano passado e tem buscado aumentar suas compras internacionais em meio a dificuldades de abastecimento do seu mercado interno, chegando a suspender suas exportações de carne de frango no início deste mês.

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Procurado, o Ministério da Agricultura não respondeu se o ofício enviado pela ABPA e pela Abiec motivou a ação proposta no dia 13. Em sua petição protocolada junto ao STJ, a pasta afirmou que, apesar da paralisação ter duração de 48h, seriam atingidas "áreas de salutar relevância socioeconômica, podendo comprometer desde o regular abastecimento de produtos animais à população brasileira até a exportação e importação de produtos agropecuários". O documento não cita as inspeções malaias.

Em nota, a Abiec e a ABPA confirmaram que “mandaram ofício conjunto ao Ministério da Agricultura solicitando ações governamentais na construção de uma solução que evitasse impactos ao abastecimento de alimentos do Brasil”, mas que “não indicaram qualquer medida a ser tomada, entendendo que cabe ao setor, neste caso, apenas pedir ações do Governo e não indicar quais ações tomar”. (veja o documento na íntegra, abaixo)

Também em nota, o Anffa-Sindical destacou que “as diretrizes emitidas para a greve, que valem para a operação-padrão, foi orientado que o atendimento às missões internacionais deve ser mentido, a fim de preservar a economia nacional” e que “a recomendação está inserida em um contexto de preservação de serviços essenciais, que incluem a fiscalização de cargas vivas e perecíveis e o diagnóstico de doenças e pragas de programas sanitários”.

Em operação padrão desde dezembro do ano passado, os fiscais agropecuários federais decidiram realizar uma "greve de alerta" após assembleia realizada no último dia 7/6. De acordo com o Sindicato da categoria (Anffa Sindical), a deliberação foi um "protesto ao Projeto de Lei 1293/2021", que trata dos programas de autocontrole por empresas privadas atualmente reguladas pela defesa agropecuária.

Na ocasião, o Sindicato afirmou que “a situação chegou ao ápice do movimento grevista devido às infrutíferas tentativas de negociação da categoria pela reestruturação da carreira, por concurso público para contratação de mais auditores fiscais federais agropecuários (affas), bem como pela suspensão da tramitação do Projeto de Lei do Autocontrole (1.293/2021), do Executivo, que terceiriza parte das atividades dos affas, típicas de estado”.

 
Source: Rural

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