O dólar passava a subir e superou a marca de R$ 5,19 reais nesta segunda-feira (20/6), depois de abrir a sessão com pouca alteração, com receios sobre políticas monetárias mais restritivas nas principais economias do mundo somando-se a temores domésticos sobre o futuro da Petrobras, que viu mais um presidente-executivo pedir demissão nesta manhã. Às 10:43 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,89%, a R$ 5,1919 na venda, rondando os picos do dia, depois de mais cedo ter chegado a cair 0,17%, a R$ 5,1370.
A última vez que o dólar encerrou uma sessão acima dos R$ 5,19 reais foi em 14 de fevereiro passado, quando fechou em R$ 5,2195 reais. Na B3, às 10:43 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,63%, a R$ 5,2065 reais. Com esse desempenho, que destoava da queda de 0,26% do índice do dólar contra uma cesta de rivais fortes, a moeda norte-americana estendia uma tendência de ganhos recente, caminhando para a nona valorização diária em dez pregões contra o real.
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Notas de dólares (Foto: Reuters//Yuriko Nakao)
Michelle Hwang, estrategista de câmbio e juros do BNP Paribas, atribuiu parte desse rali à decisão recente do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, de elevar sua taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, maior dose de aperto desde 1994.
Além de tornar a renda-fixa norte-americana mais atraente para investidores estrangeiros, o que tende a beneficiar o dólar, custos de empréstimos mais altos nos Estados Unidos elevam os temores de investidores de desaceleração econômica ou até de recessão em escala global, diminuindo o apetite por ativos arriscados, como moedas de países emergentes, explicou ela.
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Ao mesmo tempo, Hwang avaliou o comunicado de política monetária do Banco Central do Brasil da semana passada, quando a autarquia aumentou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, como "mais brando", sinalizando provável desaceleração no ritmo de aperto monetário em sua próxima reunião, em agosto.
Quanto mais agressivo é o BC na elevação dos juros básicos, mais o real tende a se beneficiar, já que fica mais rentável –e, consequentemente, atraente– para o investidor estrangeiro. Da mesma forma, indicações mais moderadas da autarquia sobre o aperto monetário costumam reduzir o apelo da moeda brasileira.
Somando-se a um ambiente já desafiador, em meio às preocupações sobre o crescimento econômico global e à aproximação das eleições presidenciais domésticas, a incerteza sobre o futuro da Petrobras voltava aos holofotes nesta segunda-feira, depois que José Mauro Coelho pediu demissão do cargo de presidente-executivo da empresa nesta manhã.
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Sua saída ocorre em meio à crescente pressão sobre a estatal, especialmente após o reajuste dos preços do diesel e da gasolina anunciado na sexta-feira. Coelho é o terceiro presidente da Petrobras a deixar o comando em um contexto de insatisfação do governo com a política de preços da empresa.
"Isso contribui para a aversão a risco no Brasil que já estávamos vendo", disse Hwang, afirmando que o investidor estrangeiro tem muita facilidade em retirar recursos do mercado doméstico ao menor sinal de incerteza, o que explica a alta súbita que a moeda tem apresentado nos últimos dias.
Apesar de enxergar riscos para suas projeções, o BNP Paribas ainda espera que o dólar encerre este ano em 4,85 reais, com Hwang dizendo preferir ativos brasileiros a ativos de outros países da América Latina no atual contexto de maior aversão a risco.
Na última sessão, na sexta-feira, a moeda norte-americana saltou 2,35%, a 5,1460 reais, máxima para encerramento desde 9 de maio passado (5,1554 reais)
Source: Rural