A BSBios, empresa de biocombustíveis com sede em Passo Fundo (RS), anunciou nesta segunda-feira (20/6) um acordo de intenções com o governo do Rio Grande do Sul para investir R$ 556 milhões em duas fases na implantação de uma usina produtora de etanol e farelos a partir do processamento de cereais como milho, trigo, triticale, arroz, sorgo, dentre outros. Na primeira fase, para início da produção no segundo semestre de 2024, vão ser investidos R$ 316 milhões. Na segunda, entram mais R$ 240 milhões, para conclusão em 2027.
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“O Rio Grande do Sul é um estado importador de etanol e nós, que estamos na cadeia produtiva, com esse investimento, vamos ampliar nossa capacidade de produção de biocombustíveis aqui na região sul, aderindo ao Pró-Etanol”, diz, em nota, Erasmo Carlos Battistella, presidente da companhia.
Nova planta da BSBios pretende produzir etanol de cereais no Rio Grande do Sul (Foto: Reprodução)
Sem produção de cana-de-açúcar, o Estado importa 99% de sua demanda de etanol e a nova fábrica, com a produção de 220 milhões de litros a partir de 2027, deve suprir 23% dessa necessidade. Segundo Battistella, o empreendimento também vai elevar a oferta de farelo para as cadeias produtivas de carnes. Com a conclusão da planta, devem ser produzidos 155 milhões de toneladas por ano do farelo conhecido como DDGS (Distiller's Dried Grains with Solubles) ou Grãos Secos de Destilaria com Solúveis.
O protocolo estabelece benefícios tributários em relação ao ICMS para aquisições de máquinas e equipamentos industriais de fornecedores gaúchos e nas importações. O empreendimento deve representar um incremento de R$ 1,3 bilhão em faturamento anual para o ECB Group, dono da BSBIOS, além de gerar 143 novos empregos diretos e aproximadamente 1.000 indiretos, segundo a empresa.
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A produção da unidade que será instalada na BR 285, km 316, em Passo Fundo, deve começar no segundo semestre de 2024, com o processamento de 750 toneladas por dia de cereais. Com a conclusão da segunda etapa em 2027, a capacidade de processamento passa para 1.500 toneladas por dia.
A usina será flexível para a produção de etanol anidro (que pode ser adicionado na gasolina) ou hidratado (consumo direto). A previsão é de uma capacidade instalada de 111 milhões de litros em sua primeira fase, dobrando o volume com a conclusão da segunda fase. A unidade vai produzir também energia elétrica com a biomassa resultante do processamento dos cereais e ofertar o excedente na rede de distribuição do município.
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O investimento ainda vai permitir, segundo Battistella, a expansão do cultivo de cereais de inverno no Estado e o desenvolvimento de tecnologia genética de sementes de trigo, por meio de uma parceria com a Biotrigo Genética, que trabalha no desenvolvimento de duas cultivares de trigo com elevados níveis de amido, exclusivas para a produção de etanol.
Em 2021, a BSBIOS produziu 895.463 m³ de biodiesel, o que representa um aumento de 18,5% em comparação a 2020 e uma participação de mercado no Brasil de 13,2%, segundo o Relatório de Sustentabilidade da empresa, líder nacional pelo quarto ano consecutivo em produção de biodiesel.
Combustível de aviação
Recentemente, a empresa anunciou a filiação à Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (ALTA). O objetivo da entidade sem fins lucrativos é desenvolver uma aviação mais segura, eficiente e sustentável na América Latina e no Caribe. A empresa está desenvolvendo o projeto de construção da biorrefinaria Omega Green, no Paraguai, que produzirá os biocombustíveis avançados HVO, que é o diesel verde, o SPK (Synthetic Paraffinic Kerosine), que é o bioquerosene de aviação, e o nafta verde a partir de 2025.
“O Brasil é pioneiro na América Latina em relação à produção de biocombustíveis e a BSBIOS lidera investimento no que será a primeira biorrefinaria de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF, na sigla em inglês) do hemisfério sul. A empresa tem sido uma das protagonistas nesse setor e tê-la como um dos nossos membros é uma grande satisfação para a associação”, declarou em nota José Ricardo Botelho, CEO e diretor executivo da ALTA.
Atualmente, a companhia tem duas plantas no Brasil: em Passo Fundo e em Marialva, no Paraná. Em março, o grupo adquiriu a fábrica MP Biodiesel localizada em Domdidier, na Suíça.
Source: Rural