O Banco Central subiu a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, a 13,25% ao ano, seguindo a indicação de que reduziria a intensidade de seu ciclo de aperto monetário para conter a inflação, mas surpreendeu ao dizer que antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude, na reunião de agosto.
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Sede do Banco Central em Brasília (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
Em comunicado, a autarquia afirmou ainda que as medidas de cortes de tributos para baratear combustíveis, energia e telecomunicações, em tramitação no Congresso, reduzem sensivelmente a inflação neste ano, mas elevam, em menor magnitude, a inflação no horizonte relevante da política monetária, atualmente focado em 2023.
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O BC ressaltou que as projeções usadas para tomar a decisão desta quarta não incorporam o impacto dessas medidas tributárias, ressaltando que a incerteza em torno de suas premissas está maior do que o usual e cresceu desde a reunião de maio.
"O Comitê nota que a crescente incerteza da atual conjuntura, aliada ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demanda cautela adicional em sua atuação", afirmou nesta quarta-feira o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) da autarquia.
A magnitude da elevação foi em linha com a expectativa do mercado, de acordo com pesquisa Reuters que ouviu 30 instituições. A pesquisa, porém, previa que o ciclo de aperto seria encerrado agora.
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Com a decisão, que teve apoio unânime do colegiado, o BC levou a Selic a um patamar 11,25 pontos acima da mínima histórica de 2%, atingida em meio à pandemia de Covid-19 e que vigorou até março do ano passado. Foi a décima primeira elevação consecutiva da taxa básica, ao nível mais alto desde janeiro de 2017, quando estava em 13,75% ao ano.
Na reunião de maio, o Copom havia elevado a Selic em 1,0 ponto percentual, dizendo ser provável uma extensão do ciclo de alta dos juros com um ajuste de menor magnitude na reunião de junho. Na ocasião, o BC não deixou claro em seus comunicados se a alta de juros neste mês seria a última.
A magnitude do ajuste na Selic anunciado nesta quarta era esperada pelo mercado, mas o foco dos analistas estava nas sinalizações que o BC daria no comunicado em relação aos passos futuros da política monetária diante do surgimento de novos riscos fiscais, com o governo abrindo os cofres em ano eleitoral para baixar preços de combustíveis, energia elétrica e alimentos.
Como mostrou a Reuters, medidas implementadas ou anunciadas nos últimos meses que envolvem cortes de tributação representarão uma perda de arrecadação de ao menos 110 bilhões de reais neste ano.
Analistas alertam que parte desses cortes de tributos pode não chegar ao consumidor e avaliam que o movimento do governo embute riscos fiscais que geram pressões inflacionárias a médio prazo. A reversão de medidas temporárias a partir de janeiro ainda empurra parte da inflação para 2023, que, no momento, é o ano que está na mira do BC para cumprimento da meta de inflação.
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Source: Rural