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A rotulagem de cortes nobres de carne bovina está colocando em lados opostos duas das principais entidades de pecuaristas do Brasil. A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) informou ter acionado o Ministério Público Federal (MPF) contra a Associação Brasileira dos Criadores de Angus, sob a argumentação de que o programa de carne certificada com origem na raça taurina omite a presença de genética zebuína nos produtos vendidos ao mercado.

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“Desde o início da atual gestão, como meta clara estabelecida, a ABCZ tem tentado de forma consensual, junto às instituições competentes, garantir o reconhecimento da presença da genética zebuína na carne certificada comercializada no país. Sem sucesso nas tratativas, nos vimos obrigados a buscar a via judicial para validar o trabalho e a dedicação do criador de carne de Zebu”, diz a ABCZ, em nota.

A intenção da ABCZ, de procurar a via judicial, havia sido informada à Globo Rural, pelo presidente da entidade, Rivaldo Machado Borges Júnior, durante a última edição da Expozebu, em Uberaba (MG). Ele disse, na entrevista, que a entidade contratou um estudo da Universidade Federal de Viçosa, que constatou nos produtos, a predominância de animais meio-sangue, cruzamento de angus e nelore.

Os criadores de zebu reclamam que, na embalagem, é citada, no entanto, apenas a genética angus nos cortes. Desta forma, sem a identificação dos animais meio-sangue, os pecuaristas que criam as matrizes zebuínas dizem ser prejudicados, já que a presença dessa genética não é valorizada no produto final.

“Com mais essa ação, reforçamos nosso empenho e dedicação na defesa dos nossos mais de 24 mil associados e reafirmamos nosso compromisso de continuar lutando pela pecuária zebuína brasileira”, diz a ABCZ, em seu comunicado.

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A Associação Brasileira de Angus também se manifestou por meio de nota oficial. Informa que ainda não foi notificada oficialmente sobre a ação movida pela ABCZ. O comunicado também não faz menção direta ao questionamento sobre a indicação da genética zebuína nos rótulos das embalagens.

A Angus ressalta apenas que o programa Carne Angus Certificada tem respaldo do Ministério da Agricultura (Mapa) e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A Associação diz ainda que seu programa existe desde 2003 e se tornou referência no mercado brasileiro, lastreado nas características inerentes à carne angus, que se manifestam tanto em animais puros quanto nos cruzados.

“O Programa Carne Angus Certificada possui um protocolo claro, transparente, de conhecimento público e rotineiramente publicizado. Além das exigências técnicas de acabamento e idade, todos os animais a serem abatidos precisam ter, no mínimo, 50% de genética Angus, admitindo-se, desta forma, presença de composição sanguínea de diversas outras raças, com exceção das leiteiras”, argumenta a associação, no comunicado.

Gado Nelore. Criadores de zebu querem o reconhecimento da presença desta genética nos rótulos de carne premium do programa de certificação da Associação Brasileira de Angus (Foto: Getty)

 
Source: Rural

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