O olhar atento de um trabalhador numa linha de produção de carne de frango, publicada pela Globo Rural e vencedora da 7ª Edição do Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo, foi o que chamou a atenção do fotojornalista Sergio Ranalli, autor do registro. Feita para uma reportagem sobre o emprego de mão de obra imigrante em cooperativas do Paraná, a imagem traz para o primeiro plano o elemento humano num universo dominado por máquinas e equipamentos.
“Estamos acostumados com máquinas, soldas e toda a pirotecnia natural da indústria e dos processos industriais, então achei que um elemento mais humano conseguiria dar uma quebrada nessa relação convencional”, conta Ranalli ao falar sobre a escolha da foto vencedora do prêmio. Já a decisão do clique, conta, expressa um estilo construído ao longo de mais de duas décadas de profissão.
Robentho Exilus, haitiano que trabalha na C.Vale (Foto: Sergio Ranalli)
“Desde o começo eu sempre busquei muito o olhar das pessoas, o olhar é uma coisa muito poderosa, muito efetiva de comunicação e todas aquelas coisas que o olhar consegue dizer. Achei que naquele momento isso ajudaria muito na força daquela fotografia”, conta o jornalista ao reconhecer os desafios de se fotografar dentro de um frigorífico.
“O próprio ambiente, que é um ambiente estéril, onde se tem uma série de limitações de locomoção, de onde se pode ou não estar, e uma série de restrições naturais dessas plantas industriais trazem um desafio técnico muito grande, mas é um desafio legal”, conta Ranalli.
A superação do desafio resultou em mais um reconhecimento para o já premiado fotojornalista e colaborador de Globo Rural. O prêmio recebido pela FIEP se soma a outras quatro concedidos pela mesma entidade, quatro primeiros lugares do Prêmio Massey Ferguson de Jornalismo e três premiações pelo Prêmio New Holland de Fotojornalismo recebidas por outras publicações de Ranalli.
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“A minha escolha dentro dessa matéria, de selecionar essa foto, veio justamente de ter uma imagem mais diferenciada daquilo que normalmente se aborda nessas questões, principalmente, na cobertura da indústria. Foi uma cobertura que saiu do comum, com algo bem humano e focado no olhar. Achei que essa ruptura pudesse, de alguma forma, chamar a atenção”, explica o fotojornalista.
O fotografado, um trabalhador haitiano de 29 anos que deixou o seu país após o terremoto de 2010, traz na reportagem uma história de superação. Depois de chegar a São Paulo falando apenas o crioulo haitiano, Robentho Exilus conseguiu emprego em 2014 em uma cooperativa de aves no Paraná onde hoje atua como intérprete para outros haitianos que chegam à cidade.
“Foi gratificante poder mostrar esse outro lado, esses imigrantes conseguindo entrar no mercado formal, alguns aprendendo outras profissões, outros que por ventura já trabalhavam com isso conseguindo um emprego no mesmo ramo. É outro lado sobre a imigração que a gente não está tão acostumado a ver”, observa o fotojornalista.
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Source: Rural