No último ano, a cotação do trigo na Bolsa de Chicago subiu em mais de 100%, o preço saiu de US$ 6,00 para US$ 12 por bushel. Isso tem afetado diretamente o comércio de alimentos pelo mundo, também impactado pelo conflito no Leste Europeu, protagonizado por Ucrânia e Rússia, os dois maiores produtores de trigo.
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A área cultivada de trigo no Brasil cresceu 17% no ano passado, para 2,73 milhões de hectares (Foto: Getty Images)
A Argentina, por exemplo, que é a maior fornecedora do produto ao Brasil, está segurando o trigo que poderia exportar para evitar que o preço interno suba muito. A Índia, país que produz mais de 100 milhões de toneladas por ano, também avisou, na semana passada, que vai segurar quase 2 milhões de toneladas do trigo; isso já bastou para o preço disparar
O problema maior de oferta está na Ucrânia, que tem cerca de 22 milhões de toneladas de trigo armazenadas prontas para exportar, mas a Rússia não está permitindo a saída pelos portos do Mar Negro. Há, inclusive, boatos no mercado de que a Rússia estaria se apropriando dessa carga. Isso tem colaborado para o preço aumentar.
Assim, o preço dobrou e o mercado está muito mais preocupado com os próximos três meses, período de entressafra. O Brasil ainda está plantando a safra de trigo, enquanto os outros países produtores já estão com a safra em desenvolvimento (por mais que o clima não esteja propício), como é o caso dos Estados Unidos. Então, é um mercado extremamente complicado e especialistas já especulam que o preço do trigo pode chegar ao preço da soja.
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A expectativa é que a safra de trigo no inverno do Brasil seja grande, com os produtores interessados em aumentar o seu plantio por causa desse preço mais alto. Tradicionalmente, o país importa de 4 a 5 milhões de toneladas para suprir o abastecimento interno.
Segundo Rubens Barbosa, ex-embaixador e presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Trigo (Abitrigo), além do país conseguir suprir essa demanda nacional, o preço internacional elevado pode estimular a exportação do produto.
O especialista indica ainda que o clima vai ditar o tamanho da colheita. A princípio, o preço continua subindo e o produtor deverá escolher o que é mais atraente: exportar e pagar mais ou vender para os moinhos internos.
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Source: Rural