No último ano, a região Sul do Brasil sofreu com seca, falta de chuvas e temperaturas muito altas. Raphael Salomão, editor-assistente da Globo Rural, está em Foz do Iguaçu (PR), no Congresso Nacional da Soja, e ouviu do secretário de agricultura do Paraná que o prejuízo somente do estado nessa última safra foi corrigida de 22 bilhões para 35 bilhões. O Rio Grande do Sul também está registrando mais de 33 bilhões em perdas e, se a gente somar com os outros estados, esse valor chega a quase 100 bilhões de reais no último ano.
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Seca afeta produção no Rio Grande do Sul (Foto: Reuters/Diego Vara)
Nesse cálculo de prejuízo, a produtividade é comparada ao valor do produto que não será vendido. Na região Sul, houve, principalmente, quebra nas safras de soja e milho pelas temperaturas extremas (quentes e frias) e pela seca. O agronegócio é uma atividade de risco, em que, se forem enfretadas condições climáticas adversas, para além de não se conseguir lucro, também pode haver endividamentos que perduram por anos.
Em comparação a esse cenário, a quantidade de produtores que faz algum tipo de seguro rural por causa desses eventos climáticos cresce muito pouco no Brasil. Hoje, o país conta com 62 milhões de hectares agricultáveis, mas apenas 14 milhões de hectares são assegurados. Pedro Loyola, diretor do Departamento de Gestão de Risco do Ministério da Agricultura, afirma que há busca pelos produtores por seguros rurais, porém, as seguradoras são poucas no mercado e nenhuma delas quer entrar nesse negócio de risco; de 200 empresas de segurança atuantes no Brasil, apenas 16 delas investem no agro.
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Além disso, o prêmio cobrado pela segurança aumenta a cada ano e, hoje, para se fazer um seguro, o produtor precisa desembolsar muito dinheiro, já que as empresas consideram o fator de risco pelos efeitos climáticos nesses negócios. Segundo o diretor, quem busca essas iniciativas são os pequenos e médios produtores, pois os grandes nomes do mercado já fazem a sua própria gestão de risco, investindo em plantações espalhadas pelo território.
Se até então a região Sul era a mais afetada pelas condições adversas e, assim, concentrava as buscas pelos seguros rurais, com o cenário das mudanças climáticas, os asseguramentos também têm crescido em outras regiões, com casos mais severos e frequentes. Antes o prejuízo era de 5 ou 10 bilhões, hoje, esse valor já salta para 60 ou 70 bilhões de reais.
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Source: Rural