Skip to main content

O mercado de soja convencional deve manter os atuais diferenciais de preço em relação à soja transgênica por pelo menos mais duas safras. De acordo com o Instituto Soja Livre – que reúne informações e divulga o mercado do grão não-transgênico no Brasil – os prêmios que têm sido praticados nas principais regiões produtoras estão entre US$ 6 a US$ 7 a mais por saca em relação à cotação da oleaginosa geneticamente modificada.

LEIA TAMBÉM: Falta de água causa perdas de até US$ 28 bilhões em safras de soja no PR e RS

"Com a redução de área ocorrida nos últimos anos, os prêmios atrativos devem se manter por pelo menos mais duas safras. Não apenas em Mato Grosso, mas em nível nacional", afirma Eduardo Vaz, diretor executivo do Instituto, em conversa com jornalistas durante o Congresso Brasileiro de Soja, em Foz do Iguaçu (PR).

Na safra 2021/2022, a área plantada com soja convencional no Brasil chegou a 792,85 mil hectares, com uma colheita de 2,7 milhões de toneladas, o equivalente a 2% da produção total da oleaginosa no Brasil. Mato Grosso (365,2 mil hectares) lidera a produção nacional de soja não-transgênica. Somando com Paraná (211,5 mil), Goiás (64,6 mil) e Minas Gerais (42,36 mil), representa 90% do total.

saiba mais

Problemas pela falta de chuva estão cada vez mais frequentes

Brasil e EUA devem produzir 275 milhões de toneladas de soja em 22/23

 

Para a safra 2022/2023, avaliação é otimista das condições de mercado, com expectativa de rentabilidade, apesar de o custo de produção ser maior e a produtividade menor, quando comparada com a da soja transgênica. Tomando por base dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o Soja Livre projeta um faturamento líquido por hectare R$ 1,092 mil superior.

De acordo com as projeções, cultivar um hectare de soja convencional em Mato Grosso, principal produtor nacional, deve custar ao produtor R$ 7,498 mil por hectare. Na transgênica, o custo é calculado em R$ 7,286 mil. A produtividade das lavouras de soja não-transgênica deve ser de 57,17 sacas por hectare enquanto a geneticamente modificada deve render 60,92 sacas.

No entanto, considerando os diferenciais de preços, a projeção é de uma receita líquida de R$ 2,667 mil por hectare no grão convencional e de R$ 1,575 mil no transgênico. O ganho é equivalente a 7,5 sacas por hectare, indicam os cálculos do Soja Livre com base nos números do Imea.

Logística e insumos

Segundo Eduardo Vaz, a logística não deve ser um gargalo para o segmento de soja convencional. Mesmo diante do cenário atual de desequilíbrio na cadeia de transporte em escala global, que vem sofrendo com os efeitos negativos da pandemia de Covid-19 e, mais recentemente, da guerra entre Rússia e Ucrânia.

"O produtor já aprendeu a lidar com esses gargalos de segregação (do grão convencional em relação ao transgênico) e de logística", avalia, adotando como referência o sojicultor de Mato Grosso. "Noventa por cento do que é originado de convencional vai para a Europa. E o principal player de soja convencional é o Brasil", ressalta.

Em meio a este cenário, a expectativa do Instituto é de um crescimento de área de pelo menos 15% de soja convencional em Mato Grosso. Eduardo Vaz, pondera, no entanto, que a confirmação dessa expectativa depende da elevação da oferta de sementes. Pelo menos por enquanto, diz ele, a oferta atual permite, ao menos, uma manutenção do plantio.

saiba mais

Fundo investirá US$ 5 milhões em soja sustentável; veja projetos selecionados

 

"Hoje, a oferta de sementes está muito aquém da demanda para a soja convencional. Mas, se concluir a previsão para a próxima safra, Mato Grosso aumenta a área", pontua o executivo. Confirmada a expectativa, os mato-grossenses deverão semear 419,98 mil hectares.

Eduardo Vaz explica que a menor disponibilidade de sementes não-transgênicas é consequência de prêmios menos atrativos praticados pelo mercado em pelo menos duas ou três safras anteriores. Os diferenciais menores desestimulavam a produção do insumo.

"E quando tem o prêmio positivo, cadê a soja?", questiona. "Muitas vezes, não tem a garantia (do prêmio atrativo). Mas, agora que o prêmio está alto, a cadeia vai se organizar para aumentar a produção", acredita Vaz, acrescentando que a oferta de sementes deve crescer para a safra 2023/2024.

Soja convencional tem recebido premios médios de US$ 6 a US$ 7 por saca (Foto: REUTERS/Jorge Adorno)

 
Source: Rural

Leave a Reply