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Monitorar as necessidades biológicas das plantas não é nada fácil, os sinais físicos para falta de água e nutrientes variam muito conforme a espécie. Uma nova tecnologia, que funciona de forma similar a um relógio inteligente, ajuda a resolver essa questão. O protótipo de "smartwatch para plantas", desenvolvido no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), sediado em Campinas (SP), detecta a escassez de água por meio de um sistema sem fio e um aplicativo para celular. Os dados fornecidos em tempo real pelo dispositivo vestível podem orientar o manejo e o desenvolvimento de novos insumos agrícolas.

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Protótipo de aparelho vestível para plantas (Foto: American Chemical Society )

 

 

De forma similar a um smartwatch, que rastreia as atividades do coração através de eletrodos, o dispositivo desenvolvido por cientistas é conectado à folha da planta. A partir dos dados gerados pelos eletrodos, uma ferramenta envia as informações por bluetooth para o smartphone. A tecnologia permite que o monitoramento seja feito a distância pela internet, algo de grande utilidade para cientistas e agrônomos para identificar problemas na saúde das plantas na lavoura antes que seja tarde demais.

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 "Os métodos convencionais têm limitações, pois são baseados em sistemas por imagem, satélites e drones. Eles precisam que a planta atacada por uma doença apresente sinais fenotípicos ou indícios visuais para gerar alertas no monitoramento. Em culturas como a da soja, por exemplo, a alteração de coloração pode sinalizar um estágio irreversível de doenças como a ferrugem", explicou Renato Sousa Lima, pesquisador do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), órgão que integra o CNPEM. 

Criar um sensor eletroquímico flexível para as plantas não foi uma tarefa simples, visto que as folhas possuem uma superfície peluda dificultando a aderência do eletrodo acoplado a um adesivo micropore. Com isso, os materiais usados também tinham de ser leves para não interferir nos processos biológicos de desenvolvimento da planta.

Durante a criação, os pesquisadores criaram dois protótipos que testaram, em folhas de soja, a durabilidade e a quantidade de sinais produzidos. O eletrodo feito a base níquel, mostrou ser mais duradouro e eficiente do que o de papel queimado. Em vídeo a organização explica como foram realizados os testes:

Os pesquisadores afirmam que além de monitorar a quantidade de água das plantas, o dispositivo também pode fornecer informações indiretas sobre a exposição a produtos tóxicos e doenças. Essa inovação pode aumentar o rendimento do plantio e economizar a quantidade de água usada pela agricultura, tornando o cultivo mais sustentável.

Os testes do aparelho foram feitos em um laboratório interno em mudas de soja e cana-de-açúcar, a próxima etapa do projeto será realizar os testes externos, com agricultores. De acordo com informações divulgadas pelo CNPEM, o dispositivo portátil tem uma bateria com vida útil de 10 dias e usa materiais com condições de grande escala de produção. É necessário ainda aprovar da patente e o despertar o interesse de alguma empresa em transformar a tecnologia em um produto comercial.

“O dispositivo demonstrou alta sensibilidade para o avaliação da eficiência do uso de algumas técnicas de manejo ou impacto do uso de insumos, bem como para potencialmente monitorar as condições de produtividade das lavouras. Acreditamos que com pequenas adaptações poderia contribuir também como recurso adicional no monitoramento das condições toxicológicas do campo “, avalia a pesquisadora Julia Adorno Barbosa.

O estudo foi publicado recentemente no periódico ACS Applied Materials & Interfaces e é resultado de uma parceria entre pesquisadores das universidades Estadual de Campinas (Unicamp), Federal do ABC (UFABC) e Harvard, com recursos da Fapesp e do CNPq.

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*Com informações de Fapesp e CNPEM

 
Source: Rural

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