“Acredito que nunca tivemos uma temporada tão equilibrada como essa, em que todos os 40 classificados para as finais têm chances pelo menos matemáticas de levar o título.” A frase é do brasileiro Adriano Moraes, um dos dois tricampeões mundiais da Professional Bull Riders (PBR), competição de rodeio de touros que inicia nesta sexta-feira (13/05) a disputa das finais da temporada 2022. Será a primeira vez que o título é definido nesta época do ano.
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Finais da PBR terão 40 peões, sendo 19 brasileiros, competindo por um prêmio de US$ 1 milhão (Foto: Reprodução/PBR)
Entre os 40 classificados para as finais, que serão disputadas em oito rodadas, até o dia 22 de maio, em Forth Worth, no Texas, 19 são brasileiros, sendo quatro que já conquistaram pelo menos um título. João Ricardo Vieira, Kaique Pacheco e José Vitor Leme, atual bicampeão, têm mais chances, por estarem no top 4 da classificação geral.
O veterano João Ricardo, 37 anos, se classificou para sua décima final da PBR em segundo lugar. Ele liderou a maioria das etapas, mas perdeu a ponta do ranking no último final de semana, em Corpus Christi, no Texas (EUA), por apenas 8,99 pontos, para o americano Daylon Swearingen, que soma agora 884,49 pontos.
Com dois vice-campeonatos mundiais no currículo, o paulista de Itatinga tenta se tornar o mais velho peão a ganhar o título e o prêmio de US$ 1 milhão. Se conseguir, derruba o recorde de Adriano Moraes, campeão pela última vez em 2006, com 36 anos. “Seria ótimo o João ganhar o título. Como fã do esporte, torço muito para a quebra de recordes”, diz Adriano.
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Por telefone, João Ricardo disse à Globo Rural que está bem preparado fisicamente e psicologicamente. “Estou há 17 anos nessa estrada e nada mais me abala. Os dez primeiros colocados do ranking estão praticamente empatados e todos têm praticamente as mesmas chances, já que estarão em disputa cerca de 1.200 pontos. Ter liderado muito tempo não faz diferença, porque estou certo de que o campeonato será decidido nessas rodadas finais.”
Questionado se sente que chegou sua vez, diz que todos os peões vão para a arena decididos a parar os oito segundos regulamentares sobre seus touros e vencer os concorrentes. “O fato é que, quando a porteira abre, o touro não vê o nome que está montado nele. O animal só quer derrubar o cara o mais rápido possível.”
Segundo no ranking mundial, João Ricardo Vieira tenta ser campeão pela primeira vez (Foto: Reprodução/PBR)
Kaique Pacheco, 3º do ranking, busca seu segundo título mundial, após a conquista em 2018 e dois vice-campeonatos. Neste ano, ele venceu três etapas e soma 795 pontos. Paulista de Itatiba, o peão de 27 anos já tem uma conquista neste ano: venceu o torneio The Americans e levou o maior prêmio da história desse campeonato, que não pertence à PBR: US$ 2 milhões.
O sul mato-grossense José Vitor Leme, o Vitinho, quarto colocado com 623,5 pontos, tenta se tornar o primeiro a conquistar três títulos seguidos. Em suas redes sociais, ele postou um treino em que domina o touro em sua fazenda, em Decatur, no Texas, e agradeceu a Deus por estar bem fisicamente e mentalmente para as finais. No último fim de semana, ele relaxou praticando wakesurf com a família.
Diferentemente do ano passado, quando chegou às finais na liderança do ranking, quebrando vários recordes e com uma pontuação bem superior à dos adversários, Vitinho nunca liderou a temporada nem pontuou nas últimas etapas.
“Ele não perdeu seu estilo matador, mas se machucou bastante neste ano e enfrentou touros muito difíceis que pularam na contramão, atrapalhando seu desempenho”, diz Adriano Moraes, acrescentando que Vitinho, como a maioria dos peões destros, segura a corda com a mão esquerda. “Se o touro pula logo para a direita, a chance de quem segura a corda com a esquerda é menor.”
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Entre os touros das finais, nenhum é tão temido quanto Woopaa, o campeão mundial do ano passado. Ele está empatado na liderança com Virgin Solo. Segundo Adriano, Woppa, de 6 anos, girava 95% das vezes para a esquerda no início da carreira, mas hoje é 100% imprevisível. Apesar de dizer que outros quatro touros podem levar o prêmio de campeão da temporada e o bônus de US$ 100 mil, Adriano aposta na vitória de Woopaa.
João Ricardo diz que, se tiver a chance de escolher, pretende montar Woopaa. “O ideal seria montar ele no último domingo e vencer.”
O tricampeão e o mais velho
Silvano Alves, com três títulos mundiais no currículo, é o peão com mais participações em finais da PBR (Foto: PBR)
Dois outros veteranos brasileiros chamam a atenção nas finais. Silvano Alves, o outro tricampeão da categoria (2011, 2012 e 2014), permanece em atividade aos 35 anos, embora não tenha bons resultados nesta temporada. Ele chega à disputa no 35º lugar do ranking, último entre os classificados por pontos, mas entra na arena como o recordista deste ano em participações nas finais: 13 vezes.
Já Ednei Caminhas, de 46 anos, conseguiu carimbar sua participação nas finais exatamente 20 anos depois de conquistar o título mundial. Ele garantiu a vaga por ter ficado entre os cinco melhores nas finais da divisão de acesso da PBR, a Velocity Tour. Ele não disputa a primeira divisão desde 2009, mas como campeão mundial, mesmo sem ter pontuação, tem direito a disputar cinco etapas da Velocity por ano.
“Fiquei com orgulho e inveja de Ednei porque eu não consigo montar nem um cavalo sem sentir dores e ele ainda monta touros com essa competência. É um exemplo de resistência e superação”, diz Adriano Moraes. Aos 52 anos e aposentado das arenas, ele dirige a divisão brasileira da PBR e comenta as provas nas transmissões via internet.
Os outros 14 brasileiros nas finais, pela ordem de classificação, são Luciano de Castro (593 pontos), Maurício Moreira (592,5), Dener Barbosa (409,5), Eduardo Aparecido (386), Manoelito Junior (351,5), Lucas Divino (324,5), Ramon de Lima (305,66), Rafael Henrique (262), João Henrique Lucas (195), Marco Eguchi (194), Marcelo Procópio (189), Cláudio Montanha Jr. (182,66), Alex Marcílio (134) e Alex Cardozo (112).
Depois de 20 anos da conquista de seu título mundial, Ednei Caminhas volta a uma final mundial da PBR. Aos 46 anos, é o mais velho da história a disputar a etapa decisiva da temporada (Foto: PBR)
O caminho para a fivela de ouro
As oito rodadas serão disputadas em sete dias, divididos em dois finais de semana, formato que a PBR usou pela última vez em 2009. As rodadas 1-3 acontecem de 13 a 15 de maio, enquanto as rodadas 4-8 acontecem de 19 a 22 de maio.
Estarão em disputa 1.272 pontos mundiais, sendo 80 pontos por vitória em cada rodada, 560 pontos pela média do evento e mais 8 pontos em caso de pontuação acima de 90 pontos. “Obviamente, é altamente improvável que um único competidor vença todas as rodadas”, diz Adriano.
Para as rodadas 1, 3, 4 e 6, os confrontos entre peões e touros serão sorteados aleatoriamente. Nas rodadas 2, 5 e 7, o competidor terá o direito de escolher o animal seguindo a ordem de classificação na rodada anterior.
O Facebook da PBR Brazil transmite as provas desta sexta e sábado a partir das 20h45. No domingo, a disputa começa às 15h45.
(Foto: Reprodução/PBR)
Source: Rural