A JBS, maior empresa de carnes do mundo, disse que os lockdowns relacionados a Covid-19 na China não afetarão a demanda por produtos da companhia no país, embora os efeitos na logística continuem sendo uma preocupação, afirmou a administração da companhia em conferência com analistas nesta quinta-feira (12/5).
Durante o primeiro trimestre, os estoques de carnes aumentaram nos Estados Unidos por causa de questões logísticas que também prejudicaram os portos norte-americanos, elevando os custos dessa unidade de negócios. Ainda assim, a China é vista como importadora de carne bovina de longo prazo devido aos baixos níveis de consumo per capita, disseram executivos da JBS.
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JBS teve lucro líquido de R$ 5,14 bilhões no 1º trimestre (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)
O lucro registrado pela JBS no primeiro trimestre superou as expectativas, apesar dos preços globais de grãos mais altos e das exportações mais baixas de carne suína para a China, com os negócios de carne bovina e de aves dos EUA apresentando bom desempenho.
As ações da companhia subiram 1,7% no início do pregão em São Paulo, mas depois reduziram quase todos os ganhos em 35,91 reais às 11h50 (horário de Brasília).
Os analistas do Citi reiteraram sua classificação de compra da ação e aumentaram o preço-alvo para 50 reais por ação após os resultados trimestrais. Os analistas do Credit Suisse disseram que permanecem positivos com a tese de investimento da JBS, pois acreditam que "o impulso às operações permanecerá sólido nos próximos trimestres".
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No entanto, o Credit Suisse vê a disponibilidade de gado em declínio gradual nos Estados Unidos pressionando os preços dos novilhos gordos. Isso deve ser compensado pela forte demanda dos EUA por carne bovina, especialmente quando os norte-americanos iniciam a temporada de churrasco, disseram eles.
Apesar do crescimento de dois dígitos das vendas em todas as unidades de negócios no primeiro trimestre, a JBS reconheceu um cenário desafiador no Brasil, seu mercado doméstico. No país sul-americano, onde a taxa de inflação de 12 meses ficou em 12,1% até abril, a demanda por carne bovina está em mínimos históricos devido ao alto desemprego e à desaceleração econômica.
Lucro no 1º trimestre
A JBS reportou lucro líquido de 5,14 bilhões de reais para os três primeiros meses do ano, uma disparada de 151,4% ante o mesmo período de 2021, configurando o melhor primeiro trimestre da história da empresa, conforme balanço financeiro divulgado nesta quarta-feira.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado somou 10,08 bilhões de reais, avanço de 46,7% ante o intervalo de janeiro a março do ano passado. A receita líquida atingiu 90,9 bilhões de reais no período, aumento de 20,8% no ano a ano.
Segundo a companhia, o forte desempenho operacional foi puxado pela unidade JBS Beef North America e a Pilgrim’s Pride. A margem Ebitda ajustada consolidada do período foi de 11,1%. "O frango nos Estados Unidos cresceu muito. A volta do food service teve impacto importante na demanda (americana) por proteína", disse à Reuters o CEO global da companhia, Gilberto Tomazoni.
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Ele afirmou que as operações norte-americanas da empresa estão com firme demanda interna e externa, principalmente nos segmentos de aves e bovinos. Durante o trimestre, e apesar da contínua lentidão dos portos dos EUA, a empresa disse o volume de carne bovina exportada foi mais de 6% maior que no ano anterior.
Por outro lado, as vendas de carne suína dos EUA para a China caíram, com o país agora ocupando o quinto lugar como principal fornecedor desse tipo de proteína para o país asiático. "A China recompôs seu rebanho suíno, o que já era previsto. Eles foram bastante afetados por conta da peste suína africana e as importações estão voltando para os níveis normais", disse o CEO.
No caso do Brasil, que também tem na China seu principal comprador de carne suína, Tomazoni afirmou que a companhia está buscando ofertar a proteína suína no mercado interno ou direcionar para outros mercados, como as Filipinas, além de tentar a abertura do México. Para ele, o cenário é diferente para a carne bovina, cuja demanda chinesa tende a se sustentar de forma estrutural, em linha com o crescimento econômico do país asiático.
Tomazoni ainda ressaltou uma recuperação na oferta de gado da Austrália, que fez com que o Ebitda ajustado da JBS no país saltasse 398%, para 445,2 milhões de reais, com tendência positiva para o decorrer do ano.
Brasil
A unidade de carne bovina da JBS no Brasil conseguiu aumentar as vendas em 24,2% no último trimestre, apesar da queda de 5% no processamento de gado porque a China temporariamente suspendeu alguns exportadores brasileiros de carne bovina. A alta no preço do gado doméstico pesou negativamente, assim como a queda no consumo local de carne bovina.
Em relação à divisão de alimentos Seara no Brasil, o aumento nos preços do milho e do farelo de soja foi parcialmente compensado pela capacidade da JBS de aumentar os preços dos produtos.
"Evidente que tem um cenário de aumento de custos dos grãos, por uma questão da guerra na Ucrânia, estoques de passagem baixos… E o que a Seara tem feito é trabalhar nas coisas que a gente controla, trabalhar internamente na aquisição de grãos, etc", disse ele.
Source: Rural