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O azeite é cultivado no mundo há mais de 6 mil anos. Rico em aromas, polifenóis, peróxidos e antioxidantes, é um importante alimento funcional extraído da natureza, de acordo com o consultor gastronômico, azeitólogo e jurado de vários concursos internacionais Marcelo Scofano. “Para se ter uma ideia da qualidade, no Japão, o azeite extravirgem é vendido em farmácias. Não por acaso, é o segundo produto mais fraudado no Brasil, depois dos pescados”, explica o especialista, que estuda a olivicultura no mundo desde 2007.

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O azeite já foi usado como medicamento, bálsamo, perfume, combustível para iluminação, lubrificante para ferramentas, impermeabilizante de tecidos e, na Grécia, servia também como lubrificante do corpo antes das lutas nas arenas. O plantio das oliveiras foi ampliado no Império Romano, no final do século III a.C, quando os árabes introduziram o cultivo na Espanha e em Portugal.

Azeite Sabiá, produto brasileiro premiado em concurso internacional de qualidade (Foto: Divulgação)

 

 

Segundo Scofano, o Brasil começou a produzir azeite já na fase de expansão comercial da olivicultura no mundo, quando as centenárias prensas de madeira foram substituídas pelos equipamentos de inox (lagar). Desde o início, os produtores nacionais da Serra da Mantiqueira e da região sul do país optaram pela produção do azeite premium extravirgem fresco (o suco da azeitona é extraído nos lagares no mesmo dia da colheita, sem nenhuma adição): tem origem e safra determinada, mais qualidade como alimento funcional e custo mais alto que o azeite extravirgem de oliva clássico e o premium sem safra identificada.

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“Antes da extração em inox, o azeite produzido no mundo vinha basicamente do suco da azeitona passada, que já estava em processo de fermentação. A fruta era colhida já madura e ficava em tulhas esperando para ser prensada. Hoje, aprendemos que a azeitona é uma fruta não climatérica (que não amadurece fora do pé e começa o processo de degradação assim que é extraída), deve ser colhida ainda verde ou no início da maturação e ser processada no mesmo dia da colheita.”

O azeitólogo diz que não dá para comparar a qualidade premium e o frescor do extravirgem produzido no Brasil com os azeites extravirgem clássicos importados da Europa, encontrados nas gôndolas dos supermercados por cerca de R$ 25. Ele acredita que o preço do azeite extravirgem nacional, que supera os R$ 50 na garrafa de 250 ml, possa cair com o aumento da produção. Mas admite que, devido ao custo, esse produto é para poucos.

“Em 2008, o setor apostava que, em 10 anos, estaria produzindo 5% do consumo nacional. Pura ilusão. A produção cresce todos os anos, faz muito barulho, ganha prêmios, mais gente se interessa pela olivicultura, mas é uma lavoura perene de alto custo que só deve dar retorno financeiro de fato em 25 anos.” Segundo produtores do sul do país, o custo para a implantação de um hectare varia de R$ 20 mil a R$ 25 mil.

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No ano passado, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) suspendeu a venda de 24 marcas de azeite de oliva após a fiscalização constatar fraudes. No total, 151.449 mil garrafas foram retiradas de circulação em supermercados de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Goiás, Paraná e Santa Catarina. Havia azeites sem registro, de origem clandestina e contrabandeados.  A operação identificou também três fábricas clandestinas que estavam envasando como azeites uma mistura de óleos vegetais de procedência desconhecida.

Como explica Scofano, boa parte dos azeites importados que chegam a granel ao Brasil são “batizados” para aumentar o volume, assim como ocorre na cozinha de muitos restaurantes, aproveitando o desconhecimento da população sobre o produto.

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Source: Rural

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