Ampliar em 40% a produção agropecuária gaúcha, o que significaria um impacto no PIB do Estado em torno de 7% ou aproximadamente R$ 31,9 bi. Essa é a meta da segunda edição do Programa Duas Safras, lançado nesta quarta (20/4) pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) em parceria com Senar-RS, Embrapa, Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Fecoagro/RS, Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) e Federarroz.
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Colheita da safra de soja no Paraná (Foto: Gilson Abreu/AEN)
O programa nasceu no ano passado para incentivar o aumento do cultivo de trigo, triticale, cevada, centeio, canola e aveia no inverno como alternativa ao milho na composição da ração para aves e suínos. Segundo dados da Farsul, são ocupados de 6 a 7 milhões de hectares com soja no verão e apenas 1,1 milhão no inverno com trigo. Atualmente, a safra de inverno representa apenas 9% do tamanho da safra de verão e a pouca oferta de milho limita a ampliação dos rebanhos e, consequentemente, os abates.
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"Nos últimos dez anos não crescemos mais por falta do cereal e nos sentimos desafiados. Pela logística, do Centro-Oeste não virá mais milho. Ou nós resolvemos o problema no Rio Grande do Sul ou não teremos mais essas culturas”, disse, em nota da assessoria da entidade, o presidente da Farsul, Gedeão Pereira. Segundo ele, uma opção é aumentar a produção de milho através da irrigação na metade sul do Estado.
Gedeão lembrou que a ABPA procurou a Farsul no ano passado preocupada com a escassez da oferta de milho para a ração animal no Rio Grande do Sul, obrigando a importação do produto e, consequentemente, o aumento dos custos e perda de renda do produtor. Isso deu início às conversas que resultaram no convite à Embrapa, que já vinha desenvolvendo pesquisas no uso do trigo e outras culturas de inverno para a substituição do milho na alimentação animal, principalmente para suínos e aves.
O secretário da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Domingos Lopes, disse que está sendo fechado um acordo entre as secretarias da Agricultura, Meio Ambiente, Casa Civil e o Ministério Público Estadual para resolver entraves que impedem o aumento da irrigação no Estado. "Estamos, com certeza, resolvendo 90% da reservação de água no Rio Grande do Sul."
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O presidente do Conselho da ABPA, o gaúcho Francisco Turra, reforçou a necessidade da mudança do atual cenário. Ele disse que, há dez anos, o Estado era o primeiro do Brasil em produção de aves e o segundo de suínos e agora ficou para trás. “O Paraná está lançando sua terceira safra, outros Estados, a quarta, e o Rio Grande do Sul, por coragem, lança a segunda safra, enquanto a demanda de alimento só cresce no mundo.”
Jorge Lemainski, chefe-geral da Embrapa Trigo, disse no encontro que a agricultura brasileira é movida à ciência, já tem a solução para duas safras e prepara a solução para uma terceira safra com forrageiras. Para o diretor da Federarroz, Luiz Carlos Machado, o programa irá ajudar na diversificação das culturas nas regiões arrozeiras, aumentando as opções de investimentos.
Já o presidente da Fecoagro/RS, Paulo Pires, lembrou que por muito tempo a cultura do trigo não apresentava liquidez. "Com a entrada da proteína animal, isso começou a ter outro viés. Hoje nós temos liquidez e essa liquidez nos remete a essa ousadia. Nós temos uma oportunidade extraordinária com o Duas Safras."
O governador Ranolfo Vieira Júnior também participou do evento e ofereceu o apoio integral do governo para a implementação do programa.
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Source: Rural