Técnicos da usina hidrelétrica de Itaipu estão se esforçando para cumprir a demanda de energia, cuja produção despencou devido a uma seca histórica do rio Paraná que pode durar até o próximo ano.
Hidrelétrica de Itaipu, vista do lado paraguaio (Foto: REUTERS/Cesar Olmedo)
A barragem da usina, que fornece cerca de 10% da energia consumida no Brasil e 86% da usada no Paraguai, registrou sua menor produção desde que a hidrelétrica começou a operar a plena capacidade em 2005.
Rio abaixo, a usina argentino-paraguaia Yacyretá produziu metade do nível normal de energia em setembro, em outro exemplo de como as secas severas estão complicando a mudança dos combustíveis fósseis ao secar rios e reservatórios.
"Temos energia disponível, o que não temos é água para sustentar essa energia por muito tempo", disse o superintendente de Operações de Itaipu, Hugo Zarate, à Reuters, acrescentando que a usina estava "atendendo à demanda, mas por curtos períodos de tempo".
Zarate estimou que a produção de Itaipu ficará entre 65 mil e 67 mil gigawatts hora (GWh) neste ano.
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“Isso é cerca de 35% do valor máximo de 2016 e 15% menos que em 2020”, afirmou ele em seu escritório na usina, localizada entre as cidades de Hernandarias, no Paraguai, e Foz do Iguaçu, no Brasil.
Os baixos níveis de produção afetam a produção de energia e impactam os royalties que os países recebem pelo uso da água.
A seca, uma das piores do último século, levou o governo brasileiro a pedir à população que reduza o consumo de eletricidade e água e levantou temores de um possível racionamento de energia.
"Crise energética"
Itaipu tem afluência média normal de cerca de 11.000 metros cúbicos por segundo (m3/s), enquanto a usina de Yacyretá é de 14.500 m3/s, segundo seus técnicos. Ambas dependem do fluxo do rio e têm capacidade limitada de armazenamento.
A produção é fortemente impactada pelos fluxos rio acima na bacia do Paraná, regulados por cerca de 50 barragens no Brasil, que viram os reservatórios de água diminuir desde 2019 em meio à queda nos níveis de chuvas.
A vazão média em Itaipu até agora neste ano é de 6.800 m3 por segundo, nível semelhante ao da década de 1970, segundo Zarate. Os fluxos mensais médios para Yacyretá estão entre 6.000-9.500 m3/s, disse Lucas Chamorro, seu chefe de hidrologia.
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"Os volumes úteis dos reservatórios estão atingindo mínimos históricos … enquanto os fenômenos extremos do El Niño ou La Niña estão se tornando mais agudos", afirmou Chamorro, referindo-se aos padrões climáticos cíclicos que podem trazer chuvas fortes e secas para América do Sul e outros lugares.
Mas o alívio não parece estar próximo. Apesar de uma melhora recente, parece provável que haja chuvas abaixo do normal para o sul do Brasil pelo resto do ano, disse o analista sênior de pesquisas meteorológicas da Refinitiv Isaac Hankes.
"É necessária muito mais chuva para diminuir as preocupações com a seca", afirmou.
A barragem de Itaipu “depende totalmente da melhoria da vazão da água”, disse Zarate. "E se isso não acontecer, essa crise energética vai persistir pelo menos no próximo ano."
Source: Rural