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Marfrig registrou lucro recorde em 2020 (Foto: Marfrig/Divulgação)

 

Se, em 2020, o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 ajudou a estimular o consumo no país, neste primeiro trimestre as perspectivas para a demanda interna por carne bovina são incertas, segundo avaliou, nesta terça-feira (9/3) o presidente da Marfrig, Miguel Goularte, após a apresentação dos resultados da companhia.

“A gente não tem condições de precisar como isso [retorno do auxílio emergencial] vai impactar o consumo tendo em vista que as condições econômicas em geral sofreram um processo de deterioração. O ano inicia com o mercado doméstico com uma baixa de volume tanto de oferta quanto de demanda”, pontuou o executivo, durante teleconferência com jornalistas.

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Em 2020, a Marfrig registrou lucro recorde de R$ 3,3 bilhões – resultado mais de treze vezes superior ao de 2019, puxado principalmente pelo bom desempenho das exportações no período. No mercado interno, a companhia destacou o aumento das vendas no atacado e do consumo dentro de casa durante as fases mais críticas da pandemia.

“Em 2020 nós vimos o atacado crescer. Aquele consumo que era de restaurantes se transformou num consumo doméstico e o auxílio emergencial teve um impacto muito favorável no consumo do atacado”, pontuou Goularte ao destacar um crescimento de 7% das vendas da empresa via esses canais.

Neste início de ano, contudo, o cenário observado pela Marfrig é o oposto. “O mês de janeiro agora o Brasil apresentou queda de 18% nos abates e você tem também uma queda no consumo do atacado e agora, com esse lockdown dos restaurantes, vamos enfrentar uma situação mais dura”, avalia o executivo.

Segundo ele, as expectativas são de que o mercado permaneça nessas condições “ao menos que a vacinação aconteça de forma mais fluída e que a economia retome de uma forma mais intensa do que vemos hoje”.

Baixa oferta

O diretor-presidente da Marfrig classificou como “virtuosa” a alta da arroba bovina observada no Brasil desde o final de 2019, atingindo patamares recordes no início deste ano. Em teleconferência com analistas, Miguel Goularte destacou que a redução da oferta de animais no país se dá pela retenção de fêmeas, o que se traduzirá em aumento de estoques de bezerros e, consequentemente, maior produção no futuro.

“Eu diria que esse processo que estamos experimentando no Brasil é virtuoso porque toda essa retenção depois vai voltar ao mercado com aumento de produção e de oferta. É muito diferente do que vimos na Argentina na década passada quando houve liquidação e redução de estoque”, pontuou o executivo ao evitar fazer previsões de preço para a arroba bovina no país. “O que a gente vê é que existe uma expectativa de que sempre que você tem um preço que não está ajustado ao valor de venda, o ajuste acontece”, pontuou Goularte.

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De acordo com dados do Sistema de Inspeção Federal apresentados pela companhia, a queda de abates me 2020 no Brasil foi da ordem de 10%, o que representaria cerca de 3 milhões de animais. Desse total, mais da metade foram de fêmeas que, ao invés de serem destinadas ao abate, foram direcionadas para a produção de bezerros.

“Estamos seguros de que esse é um ciclo positivo que provocou e que essa retenção vai voltar ao mercado”, conclui Goularte. Em janeiro, os números divulgados pelo Ministério da Agricultura são de uma queda de 18% nos abates.
Source: Rural

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