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(Foto: Divulgação)

 

Produtores de mais dois municípios relataram o aparecimento de gafanhotos na região noroeste do Rio Grande do Sul, que fica a cerca de 50 km da fronteira argentina. Os novos focos foram relatados em Bom Progresso e Coronel Bicaco, cidades vizinhas a Santo Augusto e São Valério do Sul, onde surgiram as primeiras infestações.

Nota técnica emitida nesta quarta-feira (2/12) pelo Comitê de Emergência Fitossanitária, que presta esclarecimentos sobre as ocorrências de gafanhotos no Estado, afirma que se tratam de adultos da espécie Zoniopoda iheringi e ninfas de Chromacris speciosa, ambas da família Romaleidae, que não tem hábitos migratórios. “Sua ocorrência é esperada, devido ao clima seco e à baixa precipitação acumulada nas últimas safras de verão”, diz a nota.

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O Comitê é composto por técnicos da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Estado, Ministério da Agricultura, Laboratório de Manejo Integrado de Pragas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Embrapa Clima Temperado e Emater/RS-Ascar.

Ambas as espécies estão sendo mantidas no Laboratório de Manejo Integrado de Pragas da UFSM para estudos e, segundo a nota, está momentaneamente descartada a infestação pela espécie Schistocerca cancellata, que é migratória e se espalhou pela Argentina.

“Tratam-se de espécies endêmicas, de ocorrência natural e que normalmente não são pragas de importância agrícola. A preferência de hospedagem das infestações está centrada nas áreas de mata nativa e vegetação espontânea.”

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 (Imagens: Site Santo Augusto Urgente)

Ricardo Felicetti, chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria da Agricultura do RS, diz que os surtos em Santo Augusto, São Valério do Sul e Bom Progresso (Coronel Bicaco ainda não entrou no radar do órgão) estão sendo monitorados por três equipes, com sete fiscais, para delimitar a área de abrangência das infestações e o potencial de danos.

Segundo ele, está sendo discutida com o Ministério da Agricultura a viabilidade, legalidade e segurança de uma eventual pulverização aérea para combater os insetos. “Em geral, focos como esse são controlados pelos próprios agricultores, mas, pela situação climática, pode estar havendo um desequilíbrio", afirma.

(Foto: Luiz Carlos Pommer/Divulgação)

 

Uso de químicos

 

De acordo com o entomologista Jerson Guedes, que faz parte do Comitê de Emergência Fitossanitária, ainda não há nível de dano econômico que justifique o uso de agrotóxico nas lavouras de soja da região.

Guedes disse ainda que, embora haja produtos químicos registrados para a cultura, não há registro para controle dessas espécies. Caso haja a necessidade de aplicação para controle na lavoura, a compra deverá ser autorizada pelo Ministério da Agricultura pela portaria 208/2020, que trata das medidas emergenciais de controle para pragas nestes casos.

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Guedes ressaltou, ainda, que as espécies identificadas se alimentam basicamente da vegetação arbórea nativa, podendo desfolhar completamente árvores conhecidas vulgarmente como “timbó”.

No entanto, em propriedades visitadas pelo corpo técnico em São Valério do Sul, a vegetação ao redor estava desfolhada enquanto as lavouras de soja estavam praticamente intactas, sem a identificação de danos econômicos nos níveis de controle.

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Alerta no milho

Produtores da região já relatam que os insetos chegaram a algumas plantações de milho. Diante do avanço sobre a safra recém-plantada, os agricultores pediram ajuda das autoridades para conter os insetos e amenizar as perdas. 

Segundo Luiz Carlos Pommer, técnico em agricultura do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santo Augusto (RS), os insetos estão atacando prioritariamente as matas de timbó, uma árvore nativa de folha bem amarga, mas já migram para a soja que é circundada por 700 metros de mata em Santo Augusto e mil metros em São Valério.

"Eles deixaram só o talo e o tronco das árvores. E, na medida que vai secando essas plantas, estão começando a migrar para a soja. Desde sábado, começaram a comer a beiradas das lavouras", relata o técnico.

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Pommer também observa que há focos de ninfas e de gafanhotos em fase de procriação, o que só aumenta a preocupação. "Tenho 55 anos e nunca vi isso acontecer por aqui. Eles estão procriando, botando de 100 a 200 ovos cada fêmea. Se não houver controle efetivo, a população de insetos pode triplicar", ressalta.

Ministério acionado

O secretário de Agricultura do RS, Luis Covatti, disse a Globo Rural que amostras do gafanhoto já foram encaminhadas ao Ministério da Agricultura para verificar se há algum defensivo liberado no Brasil para o combate.

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Em nota, o Ministério informou que as medidas em relação ao caso dependerão de "avaliação somente após a identificação das espécies e os resultados dos levantamentos de campo quanto aos reais níveis de danos encontrados". Caso não haja um produto químico disponível, o Estado pretende comprá-lo fazendo uso do decreto emergencial feito na época de alerta  para as nuvens de insetos que circulavam pela Argentina.

Segundo Covatti, o ataque maior ainda é em áreas de vegetação e o clima seco e quente na região proporcionou as condições ideais para reprodução dos insetos que, ressalta, não são migratórios.
Source: Rural

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