(Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
A pandemia tem feito muita gente aumentar o consumo de comida caseira e fresca. É o que mostram as primeiras análises do Estudo NutriNet Brasil, que indica crescimento na compra de frutas, hortaliças e feijão (de 40,2% para 44,6%) no Brasil.
Com 10 mil participantes, a pesquisa é feita pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP). A maioria dos entrevistados são adultos entre 18 a 39 anos (51,1%), mulheres (78%), residentes no Sudeste (61%) e com nível de escolaridade superior a 12 anos de estudo (85,1%).
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“As novas configurações causadas pela pandemia na rotina podem ter estimulado as pessoas a cozinhar mais e a consumir mais refeições em casa. Além disso, a preocupação em melhorar a alimentação e as defesas imunológicas do organismo pode ser considerada", diz o professor Carlos Monteiro, coordenador do NutriNet Brasil.
Por outro lado, o estudo constatou um aumento no consumo de alimentos ultraprocessados nas regiões Norte e Nordeste e entre as pessoas de escolaridade mais baixa. Esses resultados sugerem desigualdades sociais no comportamento alimentar na pandemia.
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Refrigerantes, bolachas, pratos congelados, salgadinhos, bolos prontos e mistura para bolos, cereais matinais, macarrão instantâneo, pães de forma, sorvetes e bebidas com sabor de frutas fazem parte do grupo de alimentos ultraprocessados.
“Uma das razões pelas quais o consumo de alimentos ultraprocessados piora as defesas do organismo é que eles são pobres em vitaminas e minerais, nutrientes essenciais para a resposta imunológica”, explica a pesquisadora do Estudo NutriNet Brasil, Kamila Gabe.
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Outra razão, segundo Kamila, é que o consumo de alimentos ultraprocessados aumenta o risco de desenvolver condições como obesidade, diabetes e hipertensão. “Estudos realizados em diferentes países, como Estados Unidos, Itália e China, observaram que a presença dessas condições está associada à ocorrência de formas mais severas da Covid-19, aumentando a necessidade de internação hospitalar e o risco de mortalidade”, diz.
Hábitos pós-pandemia
Na opinião da pesquisadora, não é possível afirmar que essa tendência de alimentação saudável será mantida após a quarentena. Para Kamila, o retorno das pessoas às rotinas de trabalho e lazer, e até mesmo o relaxamento dos cuidados com a saúde, podem contribuir para que a mudança de comportamento não seja mantida.
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“Por outro lado, também é plausível pensar que esse período tenha proporcionado às pessoas oportunidade para a aquisição de hábitos saudáveis que venham a ser ganhos permanentes, como passar a comer mais frutas, verduras e legumes ou a cozinhar em casa com maior frequência", observa.
Source: Rural